Ásia Central; o Coração do mundo no século xx-xxi; 

A Ásia Central, ao centro, se tem acesso a rotas de comércio, ou linhas de ataque para todos os poderes regionais, ela se divide em; Norte, onde se tem a estepe, região essa que permite uma mobilidade rápida, historicamente,  a medida que o Império Russo expandia-se para o leste, aconteceria o mesmo na Ásia Central chegando em direção ao mar, em busca de novos portos. Ja a  União Soviética reforçaria a posição dominante no norte, e tentaria um projeto energético no extremo sul do Afeganistão. No leste, o peso demográfico e cultural do Império Chinês continuou a se expandir pela Ásia Central. 

Por exemplo, as Dinastias Han, Tang e Ming conquistariam partes de Xinjiang e Tibet, e mais tarde na Dinastia Qing, a China se consolidou como um poder dominante sobre todas estas áreas. No sudeste, a influência demográfica e cultural da Índia foi estabelecida em quase toda a Ásia Central, mais precisamente no Tibete, a partir das cordilheiras do Indocuche. 

Essas várias dinastias históricas indianas, especialmente as que se situavam ao longo do Rio Indo, começaram a se expandir para a Ásia Central. A grande capacidade da Índia para lançar um projeto energético na Ásia Central tem sido limitada devido às cadeias de montanhas do Paquistão, e as diferenças culturais entre os hindus na Índia que com suas animosidades a maioria muçulmana da Ásia Central, dificultaria tal avanço. 

A sudoeste, os poderes do Oriente Médio têm se expandido em áreas ao sul da Ásia Central  (Uzbequistão, Afeganistão e Paquistão). Vários impérios como o persa e o império helênico de Alexandre, o Grande se estenderam até a Ásia Central, exercendo influência entre dois impérios árabes islâmicos que até a sua conquista possuíam muita influência em toda a região sul do atual Irã, que atualmente também projeta sua influência externa.

Por sua vez, Ásia Central possui várias vias importantes, através da Eurásia, que muitos conquistadores tentariam dominar e utilizar, alguns deles;  o Corredor de Wakhan: Situa-se entre o Tajiquistão ao norte, ao sul com o Paquistão e ao leste com a China. a Região do Passo Khyber: Entre o Afeganistão e o Paquistão. A região do Passo Torugart: Entre o Quirguistão e a China. Alem da Nathu La, Passo Jelep La: Entre a Índia e a China. por fim a região de Khunjerab: Entre o Paquistão e a China. Áreas: Estepe Eurásiana, e o famoso Hindu Kush.



                                       mapa da Ásia central, coração do mundo no século xxi.

Por conseguinte, depois de se situar sobre a região, cabe anos compreender os ditames da geopolítica americana, Otan, afins na região, o real interesse. O geoestratega e ex-assessor da Segurança Nacional dos Estados UnidosZbigniew Brzezinski analisou a Ásia Central em seu livro de 1997O Grande Tabuleiro, lá ele expos que  a região pós-soviética como um "Buraco Negro" (como o Cáucaso e o Afeganistão), e em particular os Bálcãs. A área é um caldeirão étnico, propensa a instabilidade e conflitos sem uma referencia homogênea no sentido de identidade nacional, mas sim uma confusão de influências históricas, culturais, tribais e um forte fervor religioso. Projetando uma influência que não é mais só Russa, mas também da TurquiaIrãChinaPaquistãoÍndia e Estados Unidos: A Rússia continua a dominar todas as decisões políticas em todo o Cáucaso, Ásia Central e ex-repúblicas em geral. 

Como alguns destes países extinguiram o sistema soviético, integraram-se com algumas organizações ocidentais como a União Europeia e OTAN, diminuindo de certa forma a  influência russa nesses países. No entanto, a Rússia continua a ser o poder principal, tanto no Cáucaso quanto na Ásia Central, em especial, após a vitória russa sobre a Geórgia negociada junto com as potências ocidentais em agosto de 2008, assinando um pacto econômico entre Moscou e os Estados da Ásia Central.  Turquia também tem alguma influência devido aos laços étnicos e linguísticos com os povos turcos da Ásia Central, bem como uma rota de oleoduto, o Oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan, o mesmo que abastece o Mediterrâneo e complementa-se com dutos de gás natural (Gasoduto Nabucco e o Gasoduto do Sul do Cáucaso). Contudo alguns paises em suas regionalidades dao as cartas por ali; 

Irã, sede de impérios históricos que controlavam parte do subcontinente, possui laços históricos e culturais com a região, que atualmente competem para a construção de um oleoduto do Mar Cáspio ao Golfo Pérsico Ja a  China, possui planos energéticos significativos na região, através da sua fronteira com a Ásia Central, em Xinjiang, elabora e desenvolve políticas do petróleo e energéticas.

O Paquistão armado com armas nucleares e empregando um esforço conjunto com as suas forças de segurança, uma das maiores do mundo, tem uma grande influência em torno da Caxemira e no Afeganistão

De outro modo, a Caxemira é disputada com a Índia, enquanto que o Afeganistão tem sido usado pelo exército paquistanês como parte de sua (profundidade estratégica), em caso de guerra ou uma guerra provocativa entre Índia e Paquistão. 

por fim, a Índia, como uma potência nuclear e de forte elevação, exerce uma grande influência na região, especialmente no Tibete com os quais possui afinidades culturais. Ela  também é percebida como um contrapeso ao poder regional da China. E la que se estabelece, a Base Aérea Farkhor no Tajiquistão dá as forças armadas indianas a necessária profundidade e alcance na busca de um papel maior no sul da Ásia e é uma manifestação tangível do movimento do país para projetar o seu poder na Ásia Central, um objetivo político formalmente enunciado entre 2003-2004.

E os Estados Unidos com o seu envolvimento militar na região também é significativamente envolvido na política da região, mas em um nível inferior da China ou da Rússia, cujas relações com os Estados da Ásia Central são mais abrangentes, alegando a falta de  "democracia", fator que Washington defende, como pauta exegena de sua geopolitica.

Contudo, na concepção de Brzezinski, vencer não significava mais a capacidade de derrotar militarmente um adversário, algo inviável na era nuclear. Porem, seria a capacidade de prevalecer contra um adversário em uma paciente luta de longo prazo, famosa guerra de trincheiras, so que com uma nova roupagem. para o caro leitor desavizado no assunto, o Brzezinski foi o "autor intelectual" da operação da CIA no Afeganistão para desestabilizar a URSS, que teria coordenado ou supervisionado pessoalmente junto com diretor da CIA, William Casey.

Pra ele, ao Partir da lógica do cerco defensivo contra a URSS, ou política do "cordão sanitário", de Nicholas Spykman, outro cientista politico e geoestrategista,  Brzezinski defende uma nova estratégia, de cerco "ofensivo" contra a URSS. Por sua vez, isso consistia na idéia de envolver a União Soviética em um conflito interminável no Afeganistão, onde os EUA e os países muçulmanos aliados colocariam bilhões de dólares e toneladas de armas leves para armar os mujahidins, chamados pelos americanos de "guerreiros da liberdade" na luta contra os Soviéticos. 

Alem disso,  Brzezinski teve grande influência na chamada "Doutrina Carter", dos anos 1980. Doutrina Carter sintetiza-se como a securitização e militarização estratégica do acesso americano ao petróleo do Oriente Médio, contudo, Inclui em  declarações públicas do presidente Carter de que os EUA estariam dispostos a utilizar de quaisquer meios para defender seus interesses petrolíferos no Oriente Médio.

Os Taliban; 

Mas, quem são  os taliban? A maioria dos Taliban são da etnia Pashtun, e a sua visão de mundo situa-se por  uma mistura de religião com as normas pashtunwali. A sua progressão militar foi facilitada enquanto se deu entre populações da sua etnia, mas dificultada quando encontrou outros grupos étnicos, como os Tajiques (29% da população Afega), os Uzebeques (9%) e os Hazaras (9%), estes ultimos descendentes de mongois. 

Destarte, com diferentes culturas e versões diferentes do Islã. O Especialista  James Fergusson pensa que foi a vontade de submeter o norte não Pashtun que desencadeou a terrível violência que se seguiu, e que no interior do movimento alguns pensavam que os Taliban deveriam ter restringido aos territórios dos Pashtuns, por sua vez, a forma de isla ou interpretacao dos talibans que são sunitas, chama-se a deoband; Essa corrente ou movimento islâmico revivalista dentro do Islã sunita (principalmente Hanafi) uma das cinco escolas de coodificacao da Shariah,  se formou em torno do seminário islâmico Darul Uloom na cidade de Deoband, na Índia,de onde o nome deriva, durante o final do século XIX. 

Tal seminário foi fundado por Muhammad Qasim Nanautavi, e Rashid Ahmad Gangohi.  Desde o final da década de 1970, o movimento foi influenciado pelo wahhabismo no Afeganistão e paquistão. o início dos anos 1980 até o início dos anos 2000, alguns Deobandis foram fortemente financiados pela Arábia Saudita. governo paquistanês cultivou de maneira deliberada a militância de Deobandi para combater a União Soviética e a Índia (na Caxemira). Todo dinheiro e as armas fornecidas mais tarde alimentaram conflitos civis. 

As Madrasas no Paquistao e a Relacao Saudita e o Wahabbismo nisso, se da por conta da Madrasa;  Darul Uloom Haqqania fundada por Maulana Abdul Haq,  os notáveis ex-alunos que se formaram em Darul Uloom Haqqania, todos eles se formaram durante a Guerra Soviético-Afegã e mais tarde participaram da guerra e lutaram contra a União Soviética no Afeganistão. Entre eles estao Jalaluddin Haqqani, ex-líder da rede Haqqani,  Akhtar Mansoor, ex-líder do TalibãMullah Omar, ex-líder do Talibã e seu Emir 96 ate 2001, inclusive recebeu um doutorado honorário. Sirajuddin Haqqani, líder da rede Haqqani, filho de Jalaluddin Haqqani. Alem de Mohammad Yunus Khalis, importante comandante mujahideen.

No Tocante, as estimativas do número de madrassas variam, mas todos concordam que seu número cresceu enormemente, tendo se expandido muito durante e após o governo do presidente-geral Zia-ul-Haq (1977-1988),  que inicialmente financiou Deobandi madrassas com fundos de sua coleção obrigatória zakat que começou em 1980. 

Um grande benfeitor foi a Arábia Saudita que, a partir de meados da década de 1980, procurou neutralizar a ajuda que a República Islâmica Islâmica do Irã estava dando à assertiva minoria xiita no Paquistão, com "fundos substanciais" para expandir as madrassas sunitas conservadoras.  De acordo com o The News International, em 1947 havia apenas 189 madrassas no Paquistão, mas "mais de 40.000" em 2008. 

De acordo com o livro de David Commins, A Missão Wahhabi e Arábia Saudita, seu número cresceu de cerca de 900 em 1971 para mais de 8.000 oficiais e outros 25.000 não oficiais em 1988.  Em 2002, o país tinha 10.000-13.000 madrassas não registradas com uma estimativa de 1,7 a 1,9 milhões de estudantes, de acordo com Christopher Candland, outro especialista no assunto. a partir de 2009, mais de 12.000 madrasas registradas e mais não registradas no Paquistão, segundo o New York Times.  Em algumas áreas do Paquistão eles superam em número as escolas públicas subfinanciadas. Em 2020 foi relatado que há mais de 22.000 madrassas registradas (com muitos mais não registrados) ensinando mais de 2 milhões de crianças Paquistanesas e tambem Afegaos.

Uma  queixa muito comum, sobre escolas religiosas que levam ao extremismo vem de um cabo diplomático dos EUA de 2008 lançado pelo WikiLeaks sobre o sul do Punjab (especificamente as Divisões Multan, Bahawalpur e Dera Ghazi Khan lá), Segundo algumas fontes governamentais e não governamentais o apoio financeiro estimado em quase US$ 100 milhões anualmente estava a caminho dos clérigos Deobandi e Ahl-e-Hadith na região de organizações "missionárias" e "islâmicas de caridade" na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos ostensivamente com o apoio direto desses governos.

Mas, quem da as cartas no taliban hoje?

Hoje o principal nome, e o mulá Haibatullah Akhundzada  nomeado chefe do Talibã em maio de 2016 durante uma rápida transição de poder, dias após a morte de seu antecessor, Mansour, por um ataque com drone americano no Paquistão. Embora esse estudioso já tivesse grande influência dentro da insurgência, da qual liderava o sistema judicial. Filho de um teólogo, originário de Kandahar, o coração do país pashtun no sul do Afeganistão e berço do Talibã,  Akhundzada teve a delicada missão de unificar o movimento, que no momemto de fragmentacao por uma violenta luta pelo poder após a morte de Mansour e a revelação de que havia escondido por anos a morte do fundador do movimento, o mulá Omar, ganhou notoriedade. Ele conseguiu manter o grupo unido e continuou bastante discreto, limitando-se a transmitir raras mensagens anuais nos feriados islâmicos. 


                                                                    Haibatullah Akhundzada, atual Mula do Taliban.



Abdul Ghani Baradar, nascido na província de Uruzgan (sul), mas educado em Kandahar, é o co-fundador do Talibã junto com o mulá Omar, que morreu em 2013, mas cuja morte foi escondida por dois anos. Como muitos afegãos, sua vida foi moldada pela invasão soviética em 1979, que o tornou um mujahideen - combatente islâmico fundamentalista - e acredita-se que ele tenha lutado ao lado do mulá Omar. 

Em 2001, após a intervenção dos Estados Unidos e a queda do regime talibã, fez parte de um pequeno grupo de insurgentes disposto a firmar um acordo que reconhecia o governo de Cabul. Mas tal iniciativa não teve sucesso. Abdul Ghani Baradar era o comandante militar do Talibã quando foi preso em 2010 em Karachi, no Paquistão. Foi libertado em 2018, especialmente sob pressão de Washington. Ouvido e respeitado pelas diferentes facções do Talibã, foi nomeado chefe de seu escritório político, localizado no Catar. Do país do Golfo, liderou as negociações com os americanos, que levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão. 



                                          Abdul Ghani Baradar, chefe de seu escritório político, localizado no Catar. 


Filho de um célebre comandante da jihad anti-soviética, Jalaluddin Haqqani, Sirajuddin é o número dois do Talibã e o chefe da rede Haqqani. Essa rede, fundada por seu pai, é classificada como terrorista por Washington, que sempre a considerou a facção combatente mais perigosa diante das tropas dos Estados Unidos e da Otan nas últimas duas décadas no Afeganistão. Também é acusado de ter assassinado algumas autoridades afegãs e de manter ocidentais como reféns para resgate ou mantê-los como prisioneiros, como o militar americano Bowe Bergdahl, libertado em 2014 em troca de cinco presos afegãos da prisão de Guantánamo. Conhecidos por sua independência, habilidades de combate e relações frutíferas, acredita-se que os Haqqani estejam no comando das operações do Talibã nas áreas montanhosas do leste do Afeganistão e teriam grande influência nas decisões do movimento.



                                                                Haqqani, Sirajuddin, lider da rede Haqqani, e segundo homen do                                                                                       comando do taliban.



                                           Dar-Ul-Uloom Haqqania, Madrasa Produtora de                                                       Militantes do Taliban.



Guerra Fria, Operação Ciclone, armamento aos Jihadistas; 

Durante a invasão soviética do Afeganistão (1979-1989), o governo dos Estados Unidos, através da chamada Operação Ciclone, nome em código do programa da CIA, armou os mujahidins do Afeganistão. Foi uma das mais longas e dispendiosas operações da CIA já realizadas. Entre 1987 e 1989, os serviços secretos do Paquistão (ISI) e a CIA operavam juntas, armando as milícias que combatiam as tropas soviéticas. como nos diz Ahmed Rashid; 


"Entre 1990 y 1992, Estados Unidos dedicó entre cuatro y cinco billones de dólares para ayudar a los muyahidín. Arabia Saudí aportó unos fondos similares a los norteamericanos, y junto con el apoyo de otros países europeos e islámicos, recibieron en total más de diez billones de dólares.2 Gran parte de esta ayuda llegó en forma de armamento letal moderno entregado a un sencillo pueblo agrícola, que lo utilizó con unos resultados devastadores. Las heridas de guerra de los dirigentes talibán también reflejan el sangriento y brutal estilo bélico que se empleó en Kandahar y sus alrededores en la década de los ochenta. Los pashtunes durrani que habitan al sur de Kandahar recibieron mucha menos ayuda a través de la CIA, y ayuda confidencial de Occidente que les armó, financió y proporcionó logística, tal como centros médicos para los muyahidín, en comparación con los pashtunes ghilzai del este del país y alrededor de Kabul. La ayuda fue distribuida por Interservices Intelligence (ISI) de Paquistán, un organismo que tendía a considerar Kandahar como un lugar atrasado y a los durranis con recelo." 

Pag: 21, los taliban.

Ainda que não haja nenhuma evidência de que a CIA apoiou diretamente os talibãs ou a Al Qaeda, alguma base de apoio militar do Taliban foi fornecida quando, no início de 1980, a CIA e o ISI (serviço de inteligência do Paquistão) forneceram armamentos para os afegãos resistirem à invasão soviética do Afeganistão; o ISI possibilitou ajuda  no processo de recolha de muçulmanos radicais de todo o mundo para lutar contra os soviéticos. Osama Bin Laden foi um dos atores-chave na organização dos campos de treinamento para os voluntários muçulmanos estrangeiros. Os EUA forneceram fundos e armas para o Afeganistão, e em 1987, (65.000 toneladas de armas e munições norte-americanas em um ano estavam entrando na guerra).

Além do mais,  a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos manteve várias contas no BCCI, de acordo com William von Raab, ex-comissário das Alfândegas dos Estados Unidos. Oliver North, também utilizou e manteve várias contas ao BCCI. Tais contas bancárias foram usadas ​​para uma variedade de operações secretas ilegais, incluindo transferências de dinheiro e armas relacionadas com o escândalo Irã-Contras, de acordo com a Revista Time

A própria CIA também trabalhou com o BCCI para armar e financiar os mujahideen afegãos durante a Guerra do Afeganistão contra a União Soviética, usando o BCCI para lavagem dos rendimentos do tráfico de heroína cultivada na fronteira Afeganistão-Paquistão, aumentando o fluxo de narcóticos para os mercados europeus e norte-americanos.

Voltando a Guerra Afega contra os sovieticos, cerca de 90 000 afegãos, incluindo Mohammed Omar, foram treinados pelo ISI do Paquistão durante a década de 1980. De 15 de maio de 1988 até 15 de fevereiro de 1989, o exército soviético retirou as suas tropas do Afeganistão, ao  negociar o cessar-fogo com os comandantes dos mujahidins, para garantir uma passagem segura. Após a retirada russa, os vários grupos armados combateram-se entre si e também contra o governo comunista instalado de Mohammad Najibullah, que continuou durante algum tempo a ser apoiado pela Rússia. Quanto aos mujahidins, o Paquistão continuava a fornecer-lhes armamento. 

ocupado a capital, Cabul, em 27 de Setembro de 1996, após meses de bombardeamentos desde o inverno de 1995. Violando a imunidade diplomática do complexo da ONU, onde o ex-presidente comunista Mohammad Najibullah e seu irmão estavam refugiados, os Taliban entraram, espancaram e torturaram os dois, castraram o antigo presidente, arrastaram-no atrás dum jipe pelas ruas e o mataram-no a tiro. O irmão foi estrangulado, e os dois cadáveres deixados pendurados em postes na ruas da capital.  Logo após tomar Cabul, os Taliban impuseram a sua versão do sistema islâmico. Todas as mulheres foram proibidas de trabalhar, o que provocou imediatamente o caos, ja que  um quarto dos serviços civis de Cabul, todo o ensino e grande parte dos serviços de saúde dependiam das mulheres. As escolas femininas foram fechadas, afetando cerca de 70 mil estudantes. As mulheres todas obrigadas a tapar-se da cabeça aos pés.



                              Mujahidins durante a guerra Sovietico Afega anos 80.


Oleodutos e Gasodutos; 

As raízes desse famigerado  projeto jazem da participação de empresas petrolíferas internacionais no Cazaquistão e Turcomenistão a partir de 1990. Como a Rússia, que controla todas as tubulações de exportação desses países, recusando-se consistentemente a permitir o uso de sua rede de dutos, essas empresas precisavam de uma rota de exportação independente, evitando tanto o Irã ( aliado Russo)  como a Rússia. 

Ao que se sabe, o projeto inicial começou em 15 de março de 1995, quando um memorando inaugural de entendimento entre os governos do Turcomenistão e do Paquistão para um projeto do gasoduto foi assinado. Tal projeto foi promovido pela empresa argentina Bridas Corporation. Além disso, a empresa Unocal, dos Estados Unidos, em conjunto com a empresa petrolífera saudita Delta, promoveram um projeto alternativo sem o envolvimento da Bridas. Em 21 de outubro de 1995, as duas empresas assinaram um acordo em separado com o presidente do Turcomenistão, Saparmurat Niyazov. Ja em agosto de 1996, a Central Asia Gás Pipeline, formou um consórcio para a construção de um gasoduto, liderado pela Unocal.[9] Em 27 de outubro de 1997, CentGas foi criada em cerimônias de assinatura formal em Ashgabat, Turcomenistão, por várias empresas internacionais de petróleo, juntamente com o Governo do Turcomenistão.

O novo acordo sobre o gasoduto foi assinado em 27 de dezembro de 2002 pelos líderes do Turcomenistão, Afeganistão e Paquistão. Em 2005, o Banco Asiático de Desenvolvimento apresentou a versão definitiva do estudo de viabilidade concebido pela companhia britânica Penspen. O projeto tem atraído forte apoio dos Estados Unidos, uma vez que permitiria que as repúblicas da Ásia Central exportassem recursos energéticos para os mercados ocidentais, "sem depender de rotas russas". O então embaixador estadunidense no Turcomenistão Ann Jacobsen observou que: "Estamos analisando seriamente o projeto, e é bastante possível que as companhias americanas irão entrar nele". Devido à crescente instabilidade, o projeto foi fundamentalmente paralisado; a construção da parte turcomana deveria começar em 2006, mas a viabilidade global é questionável, uma vez que a parte sul da seção afegã atravessa território que continua sob o controle de fato do Talibã.

Em 24 de abril de 2008, Paquistão, Índia e Afeganistão assinaram um acordo estrutural para comprar gás natural do Turcomenistão. O acordo intergovernamental sobre o gasoduto foi assinado em 11 de dezembro de 2010 em Ashgabat. Mas, em abril de 2012, a Índia e Afeganistão não conseguiram chegar a um acordo sobre a taxa de trânsito para o gás que passaria através do território afegão. Consequentemente, Islamabad e Nova Deli também não conseguiram concordar com a taxa de trânsito para o segmento do oleoduto que passaria pelo Paquistão, que vinculava o seu sistema de taxas para qualquer acordo entre a Índia e o Afeganistão.

Por volta de  16 de maio de 2012, o parlamento afegão aprovou o acordo sobre um gasoduto e no dia seguinte, o Conselho de Ministros da Índia permitiu que a empresa estatal de gás, GAIL, assinasse o Contrato de Compra e Venda de Gás (GSPA) com a TürkmenGaz, a companhia nacional de petróleo do Turcomenistão. Ja No final da década de 1990, a estadunidense Unocal Corporation considerou construir em conjunto com o Gasoduto Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia também um oleoduto para ligar Türkmenabat (anteriormente Chardzou), Turcomenistão, a costa do Mar Arábico no Paquistão. Esse mesmo  oleoduto forneceria uma possível rota para exportação alternativa para a produção de petróleo a partir da região do Mar Cáspio. Porem, devido à instabilidade política e de segurança, projeto esse que foi indeferido.

Por conseguinte, estava a companhia Bridas, do empresário argentino Carlos Bulgheroni, que formara um consórcio com a Ningarcho, saudita, ligada ao príncipe Turki Bin al-Faisal. Do outro, estava a Unocal (Union Oil Company of California), uma corporação americana, com a proposta de construir um gasoduto a partir do Usbequistão, atravessando o Afeganistão até o mar no Paquistão, um oleoduto através do Afeganistão e do Paquistão até o Oceano Índico, e um oleoduto, o Central Asian Oil Pipeline Project (CAOPP), com aproximadamente 1.050 milhas, a partir de Chardzou, no Turcomenistão, no território da Turquia, evitando que passasse pela Rússia o petróleo do Azerbaijão, onde havia imensas jazidas não exploradas. 

No mês 27 de outubro de 1997, as seis das maiores companhias de energia, lideradas pela Unocal e com a participação da saudita Delta Oil, celebraram em Ashkhabad um acordo, criando o consórcio Central Asia Gas Pipeline. (CentGas), para construir um pipeline com 1.272 quilômetros de extensão, no valor de US$ 2 bilhões, para o transporte de cerca de 54 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia (20 bilhões de metros cúbicos por ano), do campo de Dauletabad, fronteira do Turcomenistão com o Afeganistão, através de Herat e Kandahar, até Multan, no Paquistão, onde se conectaria com outro, que se estenderia a Nova Délhi. 

Na mesma época, uma delegação dos Talibãs visitou Ashkhabad e concordou em formar uma comissão tripartite com o Paquistão e o Turcomenistão para supervisionar a execução do projeto. contudo,  em janeiro de 1998, os Talibãs firmaram com a Unocal um acordo, autorizando a construção do pepelinas. As grandes corporações de petróleo que estavam a pesquisar a construção de oleodutos a partir da Ásia Central, através de Herat e Kandahar, no Afeganistão, e Quetta e Karachi, no Paquistão, a um custo de US$ 1,9 bilhão. 

A distância era relativamente curta para levar o petróleo ao mercado da Índia. Mas todas, inclusive a Unocal, a principal interessada, abandonaram essas intenções, dado que a guerra civil no Afeganistão não terminava. A orla do Pacífico e a China também constituíam mercados potencialmente amplos para o petróleo do Mar Cáspio e da Ásia Central. Algumas companhias consideravam a construção de um oleoduto do Casaquistão, através da China, para servir ao próprio mercado da China, bem como ao do Japão e da Coreia. Mais de 40 projetos no Casaquistão e no Azerbaijão envolviam 11 corporações americanas, 24 de outras potências ocidentais e duas da Rússia. O valor total excedia US$ 100 bilhões e algumas corporações, tais Exxon, Amoco, Mobil e Chevron, negociavam contratos regionais com aqueles países. Contudo, a instabilidade política da região e as políticas dos Estados Unidos vis-à-vis do Azerbaijão reduziram o andamento ou paralisaram muitos desses projetos, que haviam alcançado o ápice em 1998.





Trafico de drogas ; 

produção de ópio no Afeganistão, em 2009, correspondeu a 90% de toda a produção de Opio consumida no mundo, algo que traz consequências negativas para o Afeganistão. 

O Afeganistão desde março de 2008, o maior produtor de ópio no mundo, à frente da Birmânia e do "Triângulo Dourado". Sendo Afeganistão  o principal produtor de ópio no "Crescente Dourado". A produção de ópio no Afeganistão tem vindo a aumentar desde a ocupação dos Estados Unidos iniciada em 2001. Com base em dados do UNODC, tem havido mais cultivo de papoula em cada uma das últimas quatro safras entre  2004-2007 do que em qualquer ano durante o regime talibã. Além disso, mais terras são usadas atualmente para o ópio no Afeganistão do que para o cultivo de coca na América Latina. Em 2007, 92% dos opiáceos do mercado mundial tiveram origem no Afeganistão.  Isso equivale a um valor de exportação de cerca de US $ 64 bilhões, com um quarto a ser recebido pelos agricultores de ópio e o resto vai para os oficiais do distrito, os insurgentes, os senhores da guerra e traficantes de drogas. Nos sete anos (1994-2000) antes de uma proibição do ópio pelo talibã, a participação dos agricultores afegãos no rendimento bruto do ópio foi dividido entre 200 mil famílias. Além dos opióides, o Afeganistão também é o maior produtor de haxixe do mundo.

O Ópio suporta mais de 2 milhões de afegãos e gera receitas estimadas em $ 2,5 bilhões de dólares, cerca de 35% do PIB na economia do Afeganistão em 2005.  Em 2009, havia cerca de 1,6 milhões de pessoas envolvidas neste negócio. O cultivo do ópio foi sempre uma importante fonte de rendimento para os senhores da guerra afegãos, e os Taliban não foram exceção. Abdul Rashid, á frente da força anti-droga em Kandahar, explicou que, ao contrário do haxixe, consumido também por afegãos e muçulmanos, o cultivo do ópio é permissível porque é consumido pelos kafirs (os infiéis) no Ocidente. E Quando os Taliban tomaram pela primeira vez Kandahar, declararam a intenção de eliminar todas as drogas. Porém, dentro de poucos meses chegaram à conclusão de que lhes seria útil ter lucros do negócio do ópio, e que qualquer proibição do cultivo voltaria contra eles os agricultores. Assim, uma "taxa islâmica" (zakat), que atingia os 20 por cento, começou a ser coletada sobre todos os distribuidores do produto.

Contudo, cerca de Julho de 2000, o líder dos Taliban, Mohammed Omar, declarou que o cultivo das papoulas do ópio era contra a shariah. As plantações foram destruídas, e os transgressores punidos. Houve uma redução de 99% na área de cultivo de ópio nas áreas controladas pelo Talibã. No entanto, após o afastamento dos Taliban em 2001, tudo voltou á ao normal. 

A proibição fez subir em flecha os preços do ópio no mercado, o que provocaria um bom lucro através dos estoques existentes. Alguns entrevistados em Helmand afirmam que antes da proibição ser decretada, os Taliban foram de casa em casa confiscando em cada uma cerca de 9 quilos de pasta de ópio. Embora o ópio fosse uma das principais fontes de rendimento do movimento, a proibição não pareceu afetá-lo, diz Ahmed Rashid.

Por outro lado, O Ministry of Counter Narcotics (MCN) e o United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC), a área de cultivo da papoula (poppy) alcançou, em 2011, 131.000 hectares, contra 123.000 hectares nos dois anos anteriores, e a produção do ópio saltou de 3.600 toneladas métricas em 2010 para 5.800 toneladas métricas em 2011. O comércio do ópio torna-se dessa forma o principal componente da economia do Afeganistão, como ja havia citaado,  o principal fundo financeiro da insurgência e da corrupção, ultrapassando US$ 2,4 bilhões, o equivalente a 15% do PIB do país. 

Já em 1980, David Musto, membro do (Strategy Council on Drug Abuse) no governo do presidente Jimmy Carter, veio advertir que os mujahidin estavam profundamente envolvidos na produção e no comércio do ópio e da heroína. Nos anos 1980, a U.S. Drug Enforcement Administration (DEA) identificou 40 sindicatos de produtores de heroína, incluindo alguns dirigidos por autoridades do governo do Paquistão, mas a CIA nada fez para não embaraçar as relações com os mujahidin, e os warlords, nos anos 1990, passaram a usar a droga para o pagamento de salários e a compra de armamentos e alimentação, dado que a guerra destruíra a agricultura. Os serviços de inteligência dos Estados Unidos conheciam a localização dos principais laboratórios de processamento de heroína e pontos de venda e nada fizeram para deter tais operações. O professor americano Alfred McCoy, grande conhecedor do assunto, descreveu ao Bundestag (Parlamento alemão), em janeiro de 2010, na Alemanha, um documento no qual acusou a CIA de participar do tráfico de drogas e o governo de Hamid Karzai de receber US$ 2,5 milhões de suborno, o equivalente a um quarto da receita nacional daquele pais. 

O general russo Mahmut Gareev, que servira no Afeganistão, declarou que, entre 1989 e 1990, a produção de drogas havia quase cessado, exceto em algumas áreas, porém, desde então ela crescera 44%, sendo que 90% da produção era traficada para as antigas repúblicas soviéticas. Os próprios americanos, conforme o general Gareev confirmou, admitiam que drogas eram frequentemente transportadas em aviões dos Estados Unidos, propiciando-lhes uma receita de US$ 50 bilhões por ano, o que servia para manter suas tropas de choque no Afeganistão. A UNODC e o Ministério contra Narcóticos do Afeganistão calcularam que a renda do ópio para os agricultores foi provavelmente da ordem de mais de US$ 1,4 bilhão, o equivalente a 9% do PIB em 2011. No entanto, Os soldados e os "contractors" americanos são consumidores de drogas, varias  estatísticas do Departamento de Defesa mostram que o número de soldados consumidores de heroína, e que foram submetidos a testes, aumentou de dez vezes no ano fiscal de 2002 para 116 no ano fiscal de 2010. Em abril de 2012, oito morreram de overdose. 

E, nos primeiros 155 dias de 2012, segundo alguns dados,  suicidaram-se 154 soldados americanos mais do que morreram na guerra contra os Talibans, o que correspondeu a um aumento de 18% em relação ao ano anterior, ou seja menos combates, mais mortes por overdose. por outro lado,  os ataques sexuais aumentaram nas tropas. Uma em cada três mulheres foi violentada, entretanto como diz Moniz Banderia na sua (obra a segunda guerra fria) o Pentágono sempre se recusou a revelar os documentos. Os soldados não aguentavam o clima em um país onde as montanhas conformavam 85% do território, com elevadas altitudes e o ar rarefeito, ao qual os mujahidin estavam acostumados. Em torno de Kabul, a temperatura variava entre menos 20 graus durante a noite e 10 graus durante o dia. O moral das tropas caía cada vez mais, em meio às tensões da guerra e tropelias, matanças de civis e outros escândalos. O mesmo sofreram os soldados soviéticos nos anos 1980. Com o domínio dos warlords e dos powerbrokers, dos quais um dos maiores expoentes era Ahmed Wali Karzai, dirigente da província de Kandahar e parente do então  da época Hamid Karzai, tanto corrupção, como tráfico de drogas, a lavagem de dinheiro permearam o governo, alem claro de  induzirem a população, que psiquicamente exausta das desgracas das guerras e ocupação, a apoiar os Talibans. 



                                             produção de papoula ( opio) no Afeganistão, nota-se a caída da produção em 2001, ano da ocupação americana no pais afegão, coincidência ou nao, fato que os Eua agiram por interesses econômicos. 




Parque Industrial Militar Americano, a doença Crônica da guerra;  

as guerras contra o terror, empreendidas pelos EUA, custaram cerca de US$ 2 trilhões por ano e foram quase totalmente financiadas por empréstimos, juros de US$ 185 bilhões já pagos ou a pagar, e outro US$ 1 trilhão poderia aumentar até 2020. O complexo industrial-militar, com as empresas,  Halliburton, KBR, DynCorp e seus associados obtiveram grandes lucros e receberem os benefícios. Dick Cheney, durante os primeiros cinco anos como vice-presidente dos Estados Unidos, ainda continuou a ganhar opções de ações da Halliburton no valor de mais de US$ 946.000.  Vale lembrar que os mercenários contratados pelas empreiteiras do Pentágono constituíam importante força militar na guerra contra os Talibans.  Os mercenários da KBR, da DynCorp International, da Blackwater e de outras companhias também praticavam vários negócios, alem da corrupção e tráfico de heroína, cometiam varias atrocidades contra os nativos afegãos, como violências sexuais e diversos crimes contra a população civil. 

A Watan Risk Management, do Watan Groups Security, pertencente aos irmãos Ahmad Rateb Popal e Rashid Popal, antigos mujahidin envolvidos no tráfico de heroína e parentes do presidente Karzai, era uma companhia afegã de logística contratada pelo Pentágono para proteger as rotas de abastecimento das tropas da ISAF, que por sua vez, recebiam milhões de dólares para cumprir seu encargo e pagava comissão de no mínimo 10% aos Talibans e a outros insurgentes.  Não obstante, em 3 de agosto de 2011, o Departamento de Defesa firmou outro contrato com a KBR para trabalhos no Iraque e também no Afeganistão, em apoio ao Departamento de Estado, sob o Logistics Civil Augmentation Program, no valor US$ 313 milhões com a concordância do governo de reembolsar os gastos da companhia, com a adição de um fee de cerca de 3%. Cada contrato sob o LOGCAP tinha o valor de US$ 5 bilhões, sendo o Pentágono autorizado a conceder um total anual de, no máximo, US$ 15 bilhões e de US$ 150 bilhões no tempo máximo de duração, como diz Moniz.  Entrementes, a situação era tão grave, tão intriseca ao estamento americano, que o presidente Obama não podia mudar essencialmente as diretrizes políticas do presidente George W. Bush, isso  devido às relações reais de poder nos Estados Unidos. Não tinha condições de mudar a articulação econômica e social do Estado um organismo sustentado e dominado pelos profundos interesses do complexo industrial-militar, de cortar substancialmente as encomendas do Pentágono, a fim de reduzir o déficit fiscal que crescia a cada ano de forma exponencial. Ao tentar mover um dedo contra isso, diversas indústrias de material bélico logo quebrariam, aumentando o desemprego e arruinando os Estados onde estavam instaladas. Por conseguinte, no meio de toda essa questão, a a empresa (U.S. Geological Survey), usando avançados equipamentos magnéticos e gravitacionais de medição,  percorrera 70% do território do Afeganistão nos anos de 2006 e 2007, e descobriu que lá havia depósitos de recursos naturais avaliados em US$ 1 trilhão, entre os quais ouro, cobre, carvão, lítio, nióbio, cobalto, ferro, muito gás, cujas reservas não descobertas, no nordeste, eram estimadas entre 3,6 trilhões e 36,5 trilhões, e petróleo, da ordem aproximada de 4 milhões a 3,6 bilhões de barris. 

Obviamente, o Pentágono designou uma Task Force for Business and Stability Operations com a missão de caracterizar 24 áreas de interesse econômico, metade das quais de classe mineral. Esses recursos continuavam virtualmente inexplorados, devido não apenas à insegurança,  e também à necessidade de expandir a rede elétrica para o emprego na maquinaria, bem como de construir ferrovias com motivo de exportar os minérios para o exterior.


Em 2020-2021 Atualizado;

O Avanço da insurgência talibã; 
Como se sabe, em 29 de Fevereiro de 2020, os Estados Unidos e os Taliban assinaram um acordo "para trazer a paz" em Doha, no Qatar.  As disposições do acordo incluiam a retirada de todas as tropas americanas e da OTAN do Afeganistão, um compromisso dos Taliban de impedir a Al-Qaeda de operar em áreas sob o seu controle e conversações entre os Taliban e o governo afegão. 

Por sua vez, os Estados Unidos concordaram com uma redução inicial do seu nível de forças de 13 000 para 8 600, seguida de uma retirada total no prazo de 14 meses se o Taliban cumprir os seus compromissos. Os Estados Unidos também se comprometeram a fechar cinco bases no prazo de 135 dias  e irão rever as suas sanções contra os Taliban com a intenção de inibir  com elas até 27 de Agosto de 2020. Em nota  oficial , os Taliban reivindicaram 405 ataques só nos 24 dias desde que retomaram as operações ofensivas após o chamado período de "redução da violência" concomitante com a assinatura do acordo EUA - Taliban, a uma média de cerca de dezassete ataques por dia.

Desde 14 de Abril de 2021, quando o Presidente dos EUA Joe Biden anunciou a retirada de todas as tropas americanas do Afeganistão, os Talibãs assumiram o controle de mais de 50 distritos. No dia 20 de Junho, os Talibãs controlavam 124 dos 398 distritos do país. A partir de 29 de Junho, os Talibãs já controlavam 157 dos 398 distritos do país. Essa  ofensiva militar em curso liderada pelos insurgentes talibãs contra o governo afegão e seus aliados, tornou-se  simultânea com a retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão. Até meados de agosto, o Talibã já controlava pelo menos de 65% do país, conquistado mais de 170 distritos e pelo menos vinte capitais de província por todo o território afegão.

No mês de maio, o Talibã capturou quinze distritos do governo afegão, incluindo os distritos de Nirkh e Jalrez na província de Maidan Wardak. 

Nos locais capturados estava a barragem de Dahla na província de Candaar, a segunda maior barragem do Afeganistão. Durante o mês, 405 membros das Forças de Segurança Nacional do Afeganistão e 260 civis foram mortos durante os confrontos com o Talibã, por seu turno o Ministério da Defesa afegão afirmou ter matado 2.146 combatentes talibãs.  No mês de junho, o Talibã capturou 68 distritos do governo afegão e entrou nas cidades de Kunduz e Puli Khumri. A cidade de Mazar-i-Sharif foi sitiada pelos talibãs. Entre os locais capturados pelo grupo estava a principal passagem de fronteira do Afeganistão com o Tajiquistão e o distrito de Saydabad, que é chamado de porta de entrada da capital do Afeganistão, Cabul.

Em termos de equipamento, o Talibã capturou 700 caminhões e Humvees/ caminhonetes  das forças de segurança afegãs, bem como dezenas de veículos blindados e sistemas de artilharia. Em 19 de junho, o chefe do Estado-Maior do Exército afegão, os ministros da defesa e do interior foram substituídos pelo presidente Ashraf Ghani. Durante o mês, 703 membros das Forças de Segurança Nacional do Afeganistão e 208 civis foram mortos durante os confrontos com os talibãs, enquanto o Ministério da Defesa afegão afirmou ter matado cerca de (1.535 combatentes rebeldes). Já  em 5 de julho, o Talibã capturou 38 distritos do governo afegão. Enquanto 1.500 soldados afegãos desertaram para o Tajiquistão.

Em 8 de julho, 161 membros das forças de segurança nacional afegãs e 24 civis foram mortos durante os confrontos com os talibãs, enquanto o Ministério da Defesa afegão afirmou ter matado 972 combatentes talibãs desde o início do mês.  Em 9 de julho de 2021, um porta-voz do Talibã de Moscou, na Rússia, disse que o grupo "controlava 85% do território do Afeganistão" e apontou que "não era parte do acordo" com os Estados Unidos parar de atacar os centros administrativos afegãos. As autoridades russas também relataram ter trabalhado com o grupo para garantir a segurança do vizinho Tajiquistão de qualquer ameaça estrangeira. Por outro lado, o governo afegão prometeu retomar todos os distritos capturados pelos talibãs. Durante todo o mês de julho, o Talibã permaneceu avançando, tomando postos de checagem da polícia  e do exército afegão, especialmente no oeste.

Em 21 de julho, o general Mark Milley, o chefe do Estado-maior das forças armadas dos Estados Unidos, relatou que metade de todos os distritos afegãos estavam sob controle do Talibã.  No dia seguinte, o Pentágono confirmou que a Força Aérea dos Estados Unidos havia realizado quatro ataques aéreos no Afeganistão a pedido de oficiais do governo afegão. Dois ataques aéreos com o objetivo de destruir equipamento militar capturado pelo Talibã das forças de segurança afegãs; uma arma de artilharia e um veículo militar foram destruídos. Enquanto isso, a batalha pela cidade de Candaar prosseguia, com toda a região sob cerco dos rebeldes. O Talibã se moveu rapidamente e tomou toda a zona rural e vilas no Distrito de Daman, ao ponto de que apenas o aeroporto de Candaar estava sob controle completo das tropas afegãs. A tomada de Daman pelos militantes talibãs acabou selando o destino de boa parte da província. 

Em 31 de julho, o Talibã renovou suas ofensivas em outras regiões, capturando, no mesmo dia, as capitais das duas províncias de Helmande e Herat, também capturando dezenas de distritos nas ditas províncias e ocupando passagens de fronteira com o Irã e o Turcomenistão.  Entre outros, o importante distrito de Karakh, em Herat, foi novamente invadido pelos militantes islamitas. Os talibãs então tomaram as estradas que conectavam o aeroporto internacional de Herat e a própria cidade de Herat. Enquanto isso, o cerco de Candaar prosseguia. Em agosto, com a retirada das tropas ocidentais se acelerando, as forças do Talibã também renovaram suas ofensivas. Em 6 de agosto, a cidade de Zaranj, a capital da província de Nimruz, caiu nas mãos dos islamitas. Naquela altura, o exército afegão parecia estar se desfalecendo, com altas taxas de deserção e muitos militares se rendendo sem lutar.  No dia seguinte, as cidades de Konduz e Sar-e Pol foram tomadas. Em 9 de agosto, Samangan, a capital da província homônima, foi igualmente conquistada pelo Talibã. Três dias mais tarde, foi a vez da importante cidade de Ghazni, uma vital rota entre Cabul e Candaar, cair nas mãos dos islamitas.

Em 12 de agosto, forças do talibã tomaram de assalto as cidades de Herat e Candaar (sendo esta a segunda maior cidade do Afeganistão).  Poucas horas após a queda de Herat, os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido anunciaram o envio de 3 000 e 600 militares, respectivamente, para o aeroporto de Cabul, a fim de garantir o tráfego aéreo de seus cidadãos, funcionários da embaixada e civis afegãos que trabalharam com as forças da coalizão fora do país. Em 14 de agosto, os talibãs conquistaram as cidades de Zareh SharanAssadabade e Mazar-i-Sharif, que são importantes capitais provincianas. A inabilidade do exército afegão de resistir chamou a atenção da comunidade internacional, assim como a brutalidade das forças islamitas, que, segundo relatórios, brutalizavam a população civil nas áreas que ocupavam. Nesse mesmo dia, o importante município de Pol-e 'Alam, a 70km da capital nacional Cabul, foi também tomado pela insurgência talibã.

Voltando no 13 de agosto.  mesmo dia, o Talibã assumiu o controle de Chaghcharan (também chamada Firozkoh), a capital da província de Ghor. Autoridades disseram que a cidade caiu sem lutar, tornando-se a décima quinta capital provincial a cair para o Talibã dentro de uma semana. Firozkoh tem uma população de quase 132.000 pessoas. Mais tarde, em 13 de agosto, o Talibã capturou Puli Alam, Qalat e Tarinkot, as capitais provinciais das províncias de Logar, Zabul e Uruzgan, respectivamente. os legalistas do governo colocaram uma defesa determinada em Logar antes de serem invadidos, enquanto Zabul e Uruzgan só foram entregues aos rebeldes depois que os defensores locais julgaram sua situação insustentável e optaram por recuar. Em contraste, Qalat e Fayroz Koh caíram sem lutar. Qalat havia sido privado de defensores que haviam sido enviados para Kandahar, e os funcionários de Fayroz Koh preferiram negar uma aquisição em vez de serem "a vaporizados pela ofensiva talibã". O Jornal da Longa Guerra argumentou que a queda dessas capitais provinciais permitiu que o Talibã sitiasse Cabul, e descreveu o governo afegão como estando à "beira do colapso".  

Em 14 de agosto de 2021, o Talibã capturou sete capitais provinciais; Gardez, Sharana, Asadabad, Maymana, MihtarlamNili Mazar-i-Sharif, a quarta maior cidade do Afganistão. Dois senhores da guerra anti-Talibã de longa data, ou seja, Dostum e Atta Muhammad Nur,fugiram para o Uzbequistão. 

talibãs também entraram em Maidan Shar, centro da província de Maidan Wardak. Neste ponto, os rebeldes cercaram Cabul, enquanto o Exército Nacional afegão havia entrado no caos após sua rápida derrota em todo o país. Apenas o 201º Corpo e a 111ª Divisão, ambos baseados na capital afegã, foram deixados operacionais. O Cerco de Cabul,  em de 15 de agosto de 2021, apesar de emitir um comunicado dizendo "não tinham planos de tomar a capital afegã à força", tropas do Talibã penetraram nos arredores de Cabul por várias direções, incluindo os distritos de Kalakan, Qarabagh e Paghman, no noroeste.  Helicópteros americanos começaram então a pousar na embaixada dos Estados Unidos em Cabul para iniciar a evacuação de diplomatas e pessoal, enquanto estes começaram a destruir documentos secretos no prédio. Então, Abdul Sattar Mirzakwal, o Ministro do Interior do Afeganistão, em um pronunciamento oficial, afirmou que o presidente do país, Ashraf Ghani, havia decidido renunciar, e que um governo de transição estaria sendo negociado com o Talibã para garantir "uma transferência pacífica de poder". as forças de segurança afegãs entregaram a base aérea de Bagram ao Talibã; esta base guardava cerca de 5 000 prisioneiros do talibã e do grupo Estado Islâmico, com a expansão chegado ao fim, resta esperar o decorrer diplomático entre as grandes potências mundiais e o recém governo dos Taliban.





                                          mapa do avanço do talibã no dia 14 de agosto de 2021.
  


                                           Tomada da capital Cabul, o Afeganistão volta a esta subjugado ao poder do                                              islã militante após 20 anos. 


OBs; sobre a eurasia também; O Gasoduto Nabucco um projeto para transporte de gás natural entre a Turquia e a Áustria, passando pela BulgáriaRomênia e Hungria. O objetivo é diversificar as fontes de insumos energéticos que abastecem a Europa, diminuindo sua dependência da Rússia. Por essa razão, o projeto é apoiado pelos Estados Unidos, que tem posição contrária à hegemonia russa sobre a energia na Europa. Nos dias de hoje, o projeto vem sendo abandonado por conta do sucesso de seu concorrente, o South Stream, desenvolvido pela Rússia.

Diz Rashid em los Talibans; 
(2La ayuda norteamericana comenzó con 30 millones de dólares en 1980 y se incrementó
a 80 millones en 1983, 250 millones en 1985, 470 millones en 1986, 630 millones en 1987
hasta 1989. La ayuda de Estados Unidos prosiguió hasta que Kabul cayó en poder de
los muyahidín en 1992. Entre 1986 y 1989 la ayuda total a los muyahidín rebasó los mil
millones de dólares al año. Rubin Barnett, «Afghanistan, the forgotten crisis», Refugee
Survey Quarterly, vol. 15, num. 2, ACNUR, 1996.) 




https://www.bbc.com/news/world-asia-5821384 
Rashid, Ahmed -Talibanː Militant Islam,Oil and Fundamentalism in Central Asia - Yale University Press, 2000.
Fergusson, James - Taliban - The True Story of the World´s Most Feared Guerilla Fighters -Bantam Press, 2010
Commins, David( 2009). A Missão Wahhabi e a Arábia Saudita. 
Kepel, Gilles ( 2002). Jihad: A Trilha do Islã Político
International Terrorism and Drug
Traffi cking from Afghanistan, FRANK SHANTY
Peter Dale Scott, America War Machine. 
Luis Alberto Moniz Bandeira, A segunda Guerra Fria.
Luis Alberto Moniz Bandeira, A Desordem Mundial.
Los Taliban, Ahmed Rashid.
Zbigniew Brzezinsk, o grande tabuleiro.