Jesus disse "Ninguém vem ao Pai se não por mim." (João 14, 6) E Jesus não veio a nós de qualquer jeito. Quis vir a nós através de Maria! E dizer que adoramos Maria é bater em um espantalho.

Inicialmente, Maria não apenas carregou Jesus na barriga. É comum citarem a passagem de Mateus 12, 46-50, que também encontramos em Marcos 3, 31-35 e Lucas 8, 19-21, quando Jesus pergunta é dito a Jesus que sua mãe e seus irmãos o esperavam e queriam falar-lhe e ele pergunta “quem são minha mãe e meus irmãos". Ao primeiro momento as pessoas dão a entender certo desprezo de Jesus por sua mãe. No entanto a resposta que Jesus dá a sua própria pergunta, devemos relacionar com a vida de Maria, e não deixa-la de lado.

A resposta de Jesus é : "Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mateus 12, 50).

E o que Maria faz: após o anjo Gabriel lhe anunciar a concepção do messias no seu ventre "disse então Maria: Eu sou a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Lucas 1,38)

Jesus diz: "Ele lhes disse: “Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a Palavra de Deus e a observam”. (Lucas 8, 21)

E o que Maria faz: "Eles, porém, não compreenderam o que ele (Jesus) lhes dissera. Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração." (Lucas 2, 50-51).Ou seja, Maria ouvia atentamente as palavras de Jesus, via suas ações como em sua ida ao templo, sua resposta "Por que me procurá­veis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" e as guardava em seu coração, dEle que falava palavras de Deus, Ele que era a própria Palavra de Deus, vide João 1, 14 ("E a Palavra se fez carne e habitou entre nós").

Maria ouvia atentamente a Palavra de Deus do jeito que anunciaria depois Jesus à multidão. Ela é a serva do Senhor que em que se cumpria a palavra e observava seus mandamentos.

Ou seja, desde cedo Maria está entre os maiores servos do reino de Deus, assim como Jesus descreve. Mas entre todos foi nela que a Palavra se encarnou e foi ela a única referida como cheia de graça, como nos mostra o arcanjo Gabriel: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lucas 1, 28).

Ainda, sobre os irmãos de Jesus, eles são novamente citados em Mateus 13, 55-56, “Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?" Vejamos o significado desta afirmação de irmãos a partir de um deles, Tiago.

São Paulo fala dele em Gálatas 1, 18-19, "Três anos depois subi a Jerusalém para conhecer Cefas, e fiquei com ele quinze dias. Dos outros apóstolos não vi mais nenhum, a não ser Tiago, irmão do Senhor." Vemos aqui que o Tiago irmão, de Jesus, era apóstolo. Mas dos apóstolos, havia dois Tiagos. Na lista dos apóstolos em Mateus 10, 2-4, temos: "Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Barto­lomeu. Tomé e Mateus, o publi­cano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor." O Tiago a que nos referimos não deve ser o primeiro, Tiago, filho de Zebedeu, que na tradição é chamado Tiago Maior. Afinal, este é irmão de João, e João não é citado entre os irmãos de Jesus.

Deve ser então Tiago, filho de Alfeu, chamado na tradição de Tiago Menor. Já vemos que nenhum dos dois Tiagos é filho de José, o pai de Jesus. E quanto à mãe. Em Mateus 27, 55-56 vemos sobre as mulheres que olhavam Jesus crucificado de longe, "Havia ali também algumas mulheres que de longe olha­vam; tinham seguido Jesus desde a Galileia para o servir. Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu."

A mãe dos filhos de Zebedeu provavelmente se chama Salomé, como vemos em Marcos 15, 40-41, “Achavam-se ali também umas mulheres, observando de longe, entre as quais Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé, que o tinham seguido e o haviam assistido, quando ele estava na Galileia; e muitas outras que haviam subido juntamente com ele a Jerusalém." E quanto à Maria, mãe de Tiago Menor e José, dois que são citados como irmãos do Senhor, esta não é Maria mãe de Jesus. Como o Evangelho citá-la-ia como mãe de Tiago e de José e não o faria com Jesus, aquele que naquele momento estava sobre a cruz?

Esta Maria que estava com Maria Madalena e Salomé, pode ser a irmã da mãe de Jesus, citada em João 19, 25: "Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena." Sendo assim, seus filhos, Tiago e José seriam primos de Jesus, e daí que viria o significado de irmãos, como parentes próximos. É claro, o pai de Tiago é chamado Alfeu, não Cleofas. Poderiam ser a mesma pessoa, mas com um nome grego e um nome judaico, ou esta Maria poderia ter ficado viúva e se casado com Cleofas.

Mas em todas as Escrituras, o único que é chamado filho de Maria, esposa de José, é Jesus. Tanto ele é seu filho único que aos pés da cruz Jesus entregou Maria aos cuidados do discípulo amado, que na tradição sabemos que é João: "Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como sua mãe." (João 19, 26-27). Não havia outros filhos de Maria para cuidarem dela.

E não é a primeira vez que vemos a palavra irmão ser usada para designar um parentesco mais genérico. Isso é tradição semítica, como vemos em Gênesis 14, 14, em que Abraão é chamado irmão de Ló: "Abrão, tendo ouvido que Ló, seu irmão, ficara prisioneiro, escolheu trezentos e dezoito dos seus melhores e mais corajosos servos, nascidos em sua casa, e foi ao alcance dos reis até Dã." Sendo que, quando vemos na genealogia, descobrimos que Ló é sobrinho de Abraão.

"Eis a descendência de Taré: Taré gerou Abrão, Nacor e Aram. Aram gerou Ló." (Gênesis 11, 27-28)

 "Abrão partiu como o Senhor lhe tinha dito, e Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos, quando partiu de Harã. Tomou Sarai, sua mulher, e Ló, filho de seu irmão, assim como todos os bens que possuíam e os escravos que tinham adquirido em Harã, e partiram para a terra de Canaã. " (Gênesis 12, 4-5).

Maria também é Rainha do Reino de Jesus. Encontra-se nas Escrituras, uma falsa deusa chamada de rainha do céu, a que o povo foi repreendido por cultuá-la, no livro de Jeremias e por isso há a acusação de que na Igreja Católica mantém-se este culto. Maria é reconhecida na Igreja como Rainha do Céu e da Terra, mas a alegação de que isto se trata da mesma adoração pagã é um erro. Pois estão se referindo a duas entidades diferentes.

Vemos em Jeremias, a ira de Deus por tal culto. “Quanto a ti, não intercedas por esse povo. Não ergas em favor dele queixas ou súplicas e não insista junto de mim, porque não te escutarei. Não vês o que faz ele nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Os filhos juntam lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres sovam a massa para fazer tortas destinadas à rainha do céu, depois fazem libações a deuses estranhos, o que provoca a minha ira.” (Jeremias 7, 16-18).

No entanto, Maria não é uma deusa a que cultuamos. E ainda, mesmo que uma divindade pagã recebesse o título de rainha do céu, isto não impede que o mesmo título possa ser corretamente aplicado num contexto cristão, com sentido completamente diferente.

No livro de Daniel, no segundo capítulo, vemos o profeta desvendando um sonho do rei Nabucodonosor: “28. Mas no céu existe um Deus que desvenda os mistérios, o qual quis revelar ao rei Nabucodonosor o que deve suceder no decorrer dos tempos. Eis portanto, teu sonho e as visões que se apresentaram a teu espírito quando estavas em teu leito. [...] 31. [...] Eis que uma grande, uma enorme estátua erguia-se diante de ti; [...] 32. Sua cabeça era de fino ouro, seu peito e braços de prata, seu ventre e quadris de bronze. [...] 37. Senhor: tu que és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu realeza, poder, força e glória; 38. a quem ele deu o domínio, onde quer que habitem sobre os homens, os animais terrestres e os pássaros do céu, tu és a cabeça de ouro. 39. Depois de ti surgirá um outro reino menor que o teu, depois um terceiro reino, o de bronze, que dominará toda a terra.

Vemos no versículo 37 que o título de rei dos reis foi aplicado pelo profeta Daniel ao rei gentio da Babilônia, Nabucodonor. E isso não impediu que Jesus recebesse o mesmo título, como vemos no livro de Apocalipse.

Vemos na visão de João: “Os dez chifres que viste são dez reis que ainda não receberam o reino, mas que receberão por um momento poder real com a Fera. Eles têm o mesmo pensamento: transmitir à Fera a sua força e o seu poder. Combaterão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque é Senhor dos senhores e Rei dos reis. Aqueles que estão com ele são os chamados, os escolhidos, os fiéis.”(Apocalipse 17, 12-14).

E não temos dúvida de que esse Cordeiro é Jesus, como mesmo disse João Batista, “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1, 29). Podendo Jesus ser reconhecido como Rei dos reis, não haveria tal impeditivo para reconhecermos Maria como Rainha do céu, como também da terra.

E Maria, que todas as gerações "chamarão de bem aventurada." (Lucas 1:48) tem um motivo legítimo para reivindicar o título de Rainha do Céu. Como cristãos, reconhecemos Cristo como o rei do céu. Vemos várias referências a tal reino, como em Mateus 19, 23-24, "Jesus disse então aos seus discípulos: “Em verdade vos declaro: é difícil para um rico entrar no Reino dos Céus! Eu vos repito: é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”."

E é Jesus, quem estará como Rei deste Reino: "Respondeu Jesus: “Em verdade vos declaro: no dia da renovação do mundo, quando o Filho do Homem estiver sentado no trono da glória, vós, que me haveis seguido, estareis sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel." (Mateus 19, 28)

E não só no futuro como já no presente: "Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra."” (Mateus 28, 18).

E também reconhecemos Jesus Cristo como Rei da linhagem real de Davi: "Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai (Lucas 1, 32). As Sagradas Escrituras referem-se especificamente a Maria como a mãe de Cristo mais de 25 vezes.

Além disso, devemos notar que "a mãe do monarca reinante é conhecida como a Rainha Mãe," (World Book Encyclopedia 2000). Assim, vemos que "Rainha Mãe" denota a mãe (Maria) de um monarca reinante (O Divino Rei, Jesus Cristo).

A Rainha Mãe, "Gebi Rah" em hebraico, era uma insigne honraria, e uma tradição iniciada com o filho de Davi, Salomão. As Sagradas Escrituras mostram que na Antiga Israel ou Judá a mãe do herdeiro designado gozava de um estatuto especial. Natã recrutou Betsabeia e não Salomão em seu plano de confirmar Salomão como rei, como vemos em 1 Reis 1:11-40. Eis um fragmento do texto:  "Disse Natã a Betsabeia, mãe de Salomão: “Não soubeste que Adonias, filho de Hagit, se proclamou rei, sem que o saiba Davi, nosso senhor? Escuta, vou dar-te um conselho para que salves a tua vida e a de teu filho Salomão. Vai ter com o rei Davi e dize-lhe: ‘Ó rei, meu senhor, não juraste à tua serva que Salomão, meu filho, reinaria depois de ti e se sentaria no teu trono? Por que então Adonias se proclamou rei?’. Enquanto estiveres falando assim ao rei, entrarei e confirmarei o que tiveres dito”.” (1 Reis 1, 11-14)

Rainha Mãe era uma posição oficial em Israel e Judá. Prestava-se muita atenção na preservação dos nomes das rainhas mães. Abaixo:

"Roboão, filho de Salomão, reinou sobre Judá. Tinha quarenta e um anos quando começou a reinar e reinou dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o Senhor escolheu entre todas as tribos de Israel para ali estabelecer o seu nome. Sua mãe chamava-se Naama, a amonita." (1 Reis 14, 21)

"No quarto ano de Acab, rei de Is­rael, Josafá, filho de Asa, tornou-se rei de Judá. 42.Tinha trinta e cinco anos quando começou a reinar e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Azuba, filha de Salai." (1 Reis 22, 41-42)

"No vigésimo ano de Jeroboão, rei de Israel, Asa tornou-se rei de Judá e reinou quarenta e um anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Maaca, filha de Absalão. Asa fez o que é reto aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai. Expulsou da terra as prostitutas sagradas e acabou com todos os ídolos que seus pais tinham feito. Além disso, destituiu da dignidade de rainha sua própria mãe Maaca, por ter feito essa vergonha para asserá. Asa despedaçou esse ídolo e queimou-o no vale de Cedron." (1 Reis 15, 9-13)

"Ocozias tinha vinte e dois anos quando começou a reinar e reinou um ano em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Atalia e era filha (neta) de Amri, rei de Israel." (2 Reis 8, 26)

A destituição por parte de Asa de sua mãe por idolatria (1 Reis 15, 13) indica seu caráter oficial. Quando da morte de seu filho, Atalia assassinou seus próprios netos, os herdeiros legítimos, para conservar o poder de que gozara como rainha mãe. "Quando Atalia, mãe de Ocozias, viu morto o seu filho, decidiu exterminar toda a descendência real. Porém, Josaba, filha do rei Jorão e irmã de Ocozias, tomou Joás, filho de Ocozias, e o fez escapar do massacre dos filhos do rei, escondendo-o com sua ama de leite no quarto de dormir. Assim, o esconderam de Atalia, de maneira que pôde escapar à morte. Ele esteve seis anos escondido com Josaba no Templo do Senhor, enquanto Atalia reinava sobre a terra." (2 Reis 11, 1-3)

A rainha mãe serviu de conselheira de confiança para seu filho. Logo que os conselhos são ditos a Escritura fala "Palavras de Lamuel, rei de Massa, que lhe foram ensinadas por sua mãe:" (Provérbios 31:1).

Nas Escrituras, Deus dá uma enorme ênfase à rainha mãe da linhagem real de Davi. Nas Escrituras mais de 25 vezes após a apresentação do rei judeu, a rainha mãe é indicada, e isso todas as vezes. Em todos esses versículos , notem-se as palavras, "e o nome de sua mãe era". Note-se o que o rei faz por sua mãe, levanta-se para saudá-la, homenageia-a e manda porem um trono para ela a seu lado direito.

Vemos isto em 1 Reis 2, 19-20: "Betsabeia foi, pois, ter com o rei para falar-lhe em favor de Adonias. O rei levantou-se para ir-lhe ao encontro, fez-lhe uma profunda reverência e sentou-se no trono. Mandou colocar um trono para a sua mãe e ela sentou-se à sua direita: “Tenho um pequeno pedido a fazer-te – disse ela –; não o negues”. “Pede, minha mãe – respondeu o rei –, porque nada te recusarei.”"

Vemos assim que Maria tem direito ao título de "Rainha do Céu". Mas onde nas Escrituras Deus diz que terá uma Rainha? Nos Salmos 45, 9. 12. 17 lemos:

"9.Filhas de reis estão entre suas damas de honra: à tua direita está a RAINHA em ouro de Ofir [...] 12. mesmo os povos mais ricos implorarão teus favores. [...] 17. Farei TEU NOME SER LEMBRADO EM TODAS AS GERAÇÕES: portanto os povos TE LOUVARÃO para todo o sempre."

E vemos novamente esta mulher cujos povos louvarão em todas as gerações quando Maria diz, em Lucas 1, 48:

"Pois considerou a humilhação de sua serva: pois sim, doravante TODAS AS GERAÇÕES ME CHAMARÃO bem aventurada". Aí vemos tal profecia se cumprir.

Sendo Jesus o Rei a quem foi dada autoridade sobre o céu e a terra, Maria é a Rainha do céu e da terra.

Vemos a mulher em Apocalipse 12. "Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas."(Ap 12, 1) Ela deve representar Israel, pois temos esta analogia com Gênesis 37, 9-11, onde é contado um sonho de José do Egito.

"José teve ainda outro sonho, que contou aos seus irmãos. “Tive – disse ele – ainda um sonho: o sol, a lua e onze estrelas prostravam-se diante de mim.” Ele contou isso ao seu pai e aos seus irmãos, mas foi repreendido por seu pai: “Que significa – disse-lhe ele – este sonho que tiveste? Viremos, acaso, eu, tua mãe e teus irmãos, a nos prostrar por terra diante de ti?”. Seus irmãos ficaram, pois, com inveja dele, mas seu pai guardou a lembrança desse acontecimento.”

Ali estão, nas 12 estrelas, as 12 tribos de Israel, dos 12 filhos de Jacó, José e seus irmãos. Mas não há apenas esta relação. Maria também nesta mulher está representada.

Sabemos que Jesus é o novo Adão. São Paulo já falava isso. "Com efeito, se por um homem veio a morte, por um homem vem a ressurreição dos mortos. Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão." (1 Coríntios 15, 21-22).

Adão foi concebido sem pecado original, e Jesus também. Mas não apenas Adão, como Eva também foi concebida sem pecado original. E na Igreja Católica sabemos que Maria é a Nova Eva, o que encontra base na tradição, mas também presente nas Escrituras. Do Adão original surge a Eva original, e aqui acontece o contrário, o novo Adão surge da Nova Eva, agora é a nova criação.

Após a traição do pecado original, em Gênesis, Deus fala à serpente, que sabemos ser o demônio:

"Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar" (Gênesis 3, 15)

É claro que sabemos que naquele momento havia a inimizade entre Eva e a serpente, mas Deus nos fala que põe inimizade entre "a mulher" e a serpente. Ele não escolhe que o Evangelho seja escrito como "porei ódio entre ti e Eva". Uma mulher, neste versículo é profetizada. E ela aparece em Apocalipse 12, guerreando contra o dragão, que é a antiga serpente.

Essa mulher estava para dar à luz um salvador.

"Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho. Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro. Mas seu Filho foi arrebatado para junto de Deus e do seu trono." (Apocalipse 12, 4-5) 

Sabemos que neste filho está Nosso Senhor Jesus Cristo, e quem dá à luz Jesus é Maria. Por que é Jesus? Como já anunciava o Salmo 2, “"Por que tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs conspirações? Erguem-se, juntos, os reis da terra, e os príncipes se unem para conspirar contra o Senhor e contra seu Cristo." (versículos 1 e 2). É anunciado o Cristo Senhor, e, assim como o menino de Apocalipse 12, temos o seguinte. "Vou publicar o decreto do Senhor. Disse-me o Senhor: “Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me; te darei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo. Tu as governarás com cetro de ferro, tu as pulverizarás como um vaso de argila”." (Salmo 2, 7-9). Eis aqui o filho que governará com cetro de ferro. É ele o Cristo Jesus.

Mas além de ser o menino o Nosso Senhor, temos que no Evangelho de João já é indicada a nova criação, e a fala que terá Jesus no segundo capítulo desse Evangelho, no contexto que o livro nos mostra, já indica a nova criação. Conhecemos o início do capítulo do Evangelho de João, que remete à Gênesis na criação do mundo.

"No princípio era a Palavra, e a Palavra estava junto de Deus e a Palavra era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Nele havia vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam." (João 1, 1-5)

"No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam­ o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: “Faça-se a luz!”. E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas." (Gênesis 1, 1-4)

Em ambos começa-se com “no princípio”, e logo então Deus, sendo em João a Palavra, que era Deus. Em Gênesis também vemos a Palavra, pois Deus cria a partir de sua Palavra “faça-se”, e a partir de Sua Palavra a luz foi feita. Vemos a luz e as trevas separadas em ambos os livros.


Só que há coisas mais desta alusão ao Gênesis fora o que já é diretamente visível.

Nos capítulos 1 e 2 de João, é mostrada uma série de versículos que começam com verbetes do tipo "no dia seguinte". Estes são quatro. O primeiro deles é em João 1, 29:

"No dia seguinte, João viu Jesus que vinha a ele e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo."

O próximo em João 1, 35:

"No dia seguinte, estava lá João outra vez com dois dos seus discípulos." 

O próximo em João 1, 43:

"No dia seguinte, tinha Jesus a intenção de dirigir-se à Galileia. Encontra Filipe e diz-lhe: “Segue-me”." 

E o próximo em João 2, 1:

"Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galileia, e achava-se ali a mãe de Jesus." 

No versículo 29 temos a passagem de um primeiro dia para um segundo. No versículo 35, do segundo para o terceiro, no versículo 43, do terceiro para o quarto. E no versículo primeiro do segundo capítulo, como relata três dias depois, estamos no sétimo dia. O Evangelho de João começa fazendo um paralelo com a primeira criação e mostra logo uma passagem de 7 dias, assim como os 7 dias da criação original. E este sétimo dia, como se pode ver, para bem no ocorrido das bodas de Caná, onde Jesus transforma água em vinho.

Aqui há uma grande passagem da Bíblia, em que normalmente vemos alguns irmãos protestantes usando-a para dizer que Jesus de alguma forma menosprezava Maria, que se encontra no versículo 4.

"3. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles já não têm vinho 4. Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou”"

Realmente, Jesus chama Maria por mulher, e não por mãe. Aqui, muito mais do que parece, Jesus está indicando que Maria é a mulher da profecia de Gênesis 3, 15. Dados os 7 dias da criação, temos aqui o novo Adão, e a nova Eva. Pois sendo Maria a mulher, é com ela que está a descendência que é inimiga da serpente, do demônio, a partir de Jesus, seu filho, a mulher que antes estava como referência a Eva, agora é Maria, a mulher da nova criação.

Eva foi aquela que, diante do anjo, – Satanás, como a serpente - foi contra as ordens de Deus. E Maria foi aquela que, diante do anjo – Gabriel – se mostrou fiel serva do Senhor.

Sendo Eva concebida sem o pecado, Maria também o foi.

Adão e Eva nasceram sem o pecado original, mas na primeira criação foram desobedientes e acabaram vivendo com o pecado. O novo Adão, Jesus, foi o contrário do primeiro Adão.

Como diz são Pedro, em sua primeira carta, “Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de Cristo, o Cordeiro sem mácula e sem defeito algum, aquele que foi predestinado antes da criação do mundo.” (1 Pedro 1, 18-19).

Sendo assim, como Adão, Jesus também nasceu sem pecado e foi obediente por toda a vida. Assim também foi, pois, a nova Eva. Concebida sem o pecado original e obediente e sem pecado por toda a vida.

Há a objeção protestante a partir de Romanos 3, 10-12, em que são Paulo cita o Salmo 13, “Não há nenhum justo, não há sequer um. Não há um só que tenha inteligência, um só que busque a Deus. Extraviaram-se todos e se perverteram. Não há quem faça o bem, não há sequer um.”; e também dos versículos 22 e 23: “Esta é a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo, para todos os fiéis (pois não há distinção; com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus). Com isso, estaria indicando que todos possuem o pecado, não há ninguém imaculado.

No entanto, já era previsto no livro de Jó alguém puro do qual surgiria outro puro. "O homem nascido de mulher vive pouco tempo e é cheio de misérias. É como a flor que germina e logo fenece, uma sombra que foge sem parar. E é sobre ele que abres os olhos, e o chamas a juízo contigo. QUEM FARÁ SAIR O PURO DO IMPURO? NINGUÉM!" (Jó 14, 1-4).

Vemos que o homem que nasce de mulher, herda suas misérias, herda o pecado original. Portanto, como Maria poderia conceber o Menino Deus, imaculado, se o próprio Deus não desse a graça da Imaculada Conceição a ela? Maria foi pura, para que Deus, que não pode ser parte com o pecado, pudesse surgir como homem a partir dela.

Ainda há a objeção de que, por isso, deveria Maria, sendo pura, sair de mãe pura também, e o mesmo para sua mãe, sempre regredindo, o que deixaria então várias pessoas imaculadas. No entanto, isto não acontece pois apenas de Maria iria nascer o menino Deus que se fez carne. Para que Deus pudesse nascer como homem, reforcemos, Deus não poderia ter parte com o pecado. Vemos isso no Salmo 5, 4-5: “É a vós que eu invoco, Senhor, desde a manhã; escutai a minha voz, porque, desde o raiar do dia, vos apresento minha súplica e espero. Pois vós não sois um Deus a quem agrade o mal, o mau não poderia morar junto de vós.”.

Se Maria fosse má, não poderia habitar junto do Senhor, não poderia carregá-lo no ventre. Notemos então que a preocupação do puro não poder sair do impuro referia-se à Encarnação da Palavra de Deus. E não tenhamos dúvida de que Jesus é Deus. Em João 1, no primeiro versículo já vemos que a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. E no décimo quarto versículo nos é falado que foi Esta Palavra que Se fez carne e habitou no meio de nós. Jesus é o próprio Deus, e assim sendo, deveria vir de mãe pura, não precisando esta também vir de mãe pura por não possuir ela a divindade.

Ebook de orações Marianas

Como se daria então a Imaculada Conceição, se como diz Jó, quem nasce de mulher é cheio de misérias? Respondo a esta objeção junto com a objeção de que Maria assume que Deus é seu salvador em Lucas 1, 47, no canto do Magnificat, "meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador".

Voltemos a Romanos 3. Logo após os versículos supracitados que falam da “justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo, para os fiéis” e que todos pecaram, é dito algo bem simples, que todos os fiéis “são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção realizada em Jesus Cristo” (Romanos 3, 24). Que a redenção é alcançada pela fé em Jesus Cristo graças ao seu sacrifício. Até então sabemos que a salvação é uma questão de fé.

No entanto, em Hebreus 9, 11 nos é apontado ainda Jesus Cristo como Sumo Sacerdote. "Porém, já veio Cristo, Sumo Sa­cer­dote dos bens vindouros. E através de um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não cons­truído por mãos humanas (não deste mundo),". Sendo ele o Sumo Sacerdote e a própria vítima, o Cordeiro de Deus, seu sacrifício é sumo, é perfeito. E dado um sacrifício perfeito, ele pode ter salvado alguém de maneira perfeita. Assim o fez com Maria, pois não só podia, como lhe convinha, para de sua pureza nascer o menino Deus. Os méritos do sacrifício perfeito de Jesus chegam até Maria de forma suma, e temos a criação da nova Eva.

É pelo sacrifício redentor de Cristo que as pessoas são salvas. E de que Maria teria sido salva então? Do pecado original. Pois por si mesma, como filha de mulher, ela não teria tal graça. Deus a redimiu desde a sua concepção, também pelos méritos de Cristo na cruz para cumprir o que Jó anunciava.

E Deus consegue fazer isso porque Ele é senhor de todas as coisas – “É de vós que vêm a riqueza e a glória, sois vós o Senhor de todas as coisas; é em vossa mão que residem a força e o poder.” (1 Crônicas 29, 12) – inclusive do tempo. Deus revelou a seus profetas o futuro que ele já conhecia e fazia surgirem no presente prefigurações do que ainda haveria de vir na plenitude dos tempos.

Deus é senhor da eternidade. Ele adiantara o conhecimento do futuro aos seus servos e podia fazê-lo com a graça também. Deus, já havia previsto o sacrifício redentor de Cristo, como vemos em Isaías 53.

"3.Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. 4.Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. 5.Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. [...] 8.Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo? 9.Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira."

Deus, desde sempre, já reservara as graças que ia mandar aos seus. "Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações." (Jeremias 1, 5). E Maria, esta é como disse o anjo, "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo" (Lucas 1, 28). Cheia, repleta de graça. Ela é totalmente de Deus, pois sendo a única designada cheia de graça, não encontra espaço para o pecado. Conseguido isso de graça, a partir do sacrifício perfeito de seu filho.


Maria é a nova Eva e está em guerra com a serpente, agora o dragão em Apocalipse 12. 

"Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos." (Apocalipse 12, 9).

E em Isaías 7, 14, vemos a profecia seguinte: "Por isso, o próprio Senhor vos dará UM SINAL: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conos­co’."

Sabemos por Mateus 1, 22-23 que essa é uma profecia que se refere à concepção de Jesus por Maria. E vemos aqui o sinal, a mulher e o filho, que é Deus. E em Apocalipse 12 , o que temos:

"1. Apareceu em seguida um grande SINAL no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. [...] 5. Ela deu à luz um filho, aquele que deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro."

Novamente, o sinal, a mulher e o filho, o qual sabemos que é Jesus. Encaixando-se na profecia de Isaías, a mulher novamente é Maria.

E a serpente, já fazia sua guerra contra a descendência da antiga mulher da primeira criação, contra os homens:

"Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio. Todo o que é nascido de Deus não peca, porque o germe divino reside nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus." (1 João 3, 8-9).

Nestes versículos vemos primeiro que o demônio desde o princípio peca e também já faz de suas obras, que atraem aqueles que vem a pecar.

E depois, vemos aqueles que são nascidos de Deus, aqueles que são filhos da nova criação, uma vez que é na nova criação que temos Jesus, que destrói as obras do demônio.

E o demônio ainda guerreia com a descendência da mulher. Ainda tenta ganhar aqueles que são de Deus e aqueles que ainda podem ser.

Esta situação dramática do mundo, que "inteiro está sob o poder do Maligno" (1Jo 5,19), faz da vida do homem um combate:

Uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história universal da humanidade. Iniciada desde a origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; não consegue alcançar a unidade interior senão com grandes labutas e o auxílio da graça de Deus.

A vitória sobre o "príncipe deste mundo" foi alcançada, de uma vez por todas, na Hora em que Jesus se entregou livremente à morte para nos dar sua vida. É o julgamento deste mundo, e o príncipe deste mundo é "lançado fora", "Ele põe-se a perseguir a Mulher", mas não tem poder sobre ela: a nova Eva, "cheia de graça" por obra do Espírito Santo, preservada do pecado. "Enfurecido por causa da Mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto de seus descendentes" (Ap 12,17). Por isso o Espírito e a Igreja rezam: "Vem, Senhor Jesus" (Ap 22,17.20), porque a sua Vinda nos livrará do Maligno.

E quando nos é falado que a serpente vai guerrear com o resto da descendência da mulher, como depois de Cristo, na nova criação, os novos filhos são aqueles que fazem parte da Igreja de Cristo, temos de atentar a uma outra realidade. Que Maria também é mãe da Igreja.

Por que Maria é mãe da Igreja? Quando estava na cruz, em seus últimos momentos, Jesus entrega sua mãe Maria aos cuidados de João, seu discípulo. Mas muito além disso, essa passagem nos traz.

"Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como sua mãe." (João 19 25-27)

Aqui não é citado o nome de João. Encontra-se na citação como o discípulo que Jesus amava. E ele entrega sua mãe Maria ao seu discípulo amado. Já vimos anteriormente que Jesus, neste ato, estava entregando sua mãe aos cuidados de tal discípulo. Mas as Sagradas Escrituras não acompanham apenas um sentido. Há o sentido literal e o sentido espiritual.

Um exemplo é na transfiguração de Jesus no monte Tabor. Em Mateus 17. Vejamos uma parte deste trecho:

"Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha.  Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Pedro tomou, então, a palavra e disse-lhe: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias”." (Mateus 17, 1-4)

Basta para aqui focarmos em Moisés e Elias. No sentido literal, vemos diretamente, Moisés e Elias vivos, encontrando com Jesus Cristo no alto do monte Tabor. E temos o sentido espiritual. A partir dele vemos Moisés representando a Lei, ele que trouxe as tábuas dos Dez Mandamentos de Deus ao povo hebreu – “Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor.” Ocasião esta onde também já víamos uma prefiguração da transfiguração de Jesus.

E Elias, um dos profetas, como representante dos profetas. Ele deveria voltar, de acordo com a profecia de Malaquias,, “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor, e ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de sorte que não ferirei mais de interdito a terra.” (Malaquias 3, 23-24).

É verdade que esta profecia é cumprida em João Batista. Quando o anjo anuncia ao seu pai, Zacarias, de seu nascimento, ele o diz, “13. Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, vai dar-te um filho, e tu o chamarás João. [...] 16. Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, 17. e irá adiante de Deus com o espírito de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto.” (Lucas 1, 13, 16-17).

Jesus mesmo admite em Mateus 11, 12-14 que é João Batista o novo Elias a vir, "Desde a época de João Batista até o presente, o Rei­no dos Céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. Porque os profetas e a Lei tiveram a palavra até João. E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar."

Contudo, não devemos confundir João Batista ser o Elias como reencarnação do profeta. João Batista mesmo diz em João 1, 19-21 “Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar-lhe ‘Quem és tu?’ [...] ‘Pois então, quem és?’ – perguntaram-lhe eles. ‘És tu Elias?’ Disse ele: ‘Não o sou’.”.

Fazia sentido a profecia de que Elias deveria voltar porque ele é aquele que foi levado aos céus numa carruagem de fogo, - "Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro e Elias subiu ao céu num turbilhão." (2 Reis 2, 11). E a profecia de Malaquias, que se cumpria figurativamente, era selada definitivamente com a presença do próprio Elias no monte Tabor, com Moisés e Jesus.

Mas para que representariam eles a Lei e os profetas? É porque com eles vemos que a Lei e os profetas estão conformados e confirmados em Jesus, nEle e em Sua missão e Seu Reino alcançam seu ápice. Ele que veio para cumprir com tudo.

"Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição." (Mateus 5, 17).

E agora voltamos a Jesus, na cruz entregando Maria ao discípulo amado. O sentido literal desta passagem é o que já foi dito. Enquanto que o sentido espiritual será o seguinte. Ele diz ao discípulo amado, "Eis aí a tua mãe." Como Jesus entrega-a como mãe ao discípulo amado, este gesto mostra como Jesus dá Maria como mãe a todo aquele que é seu discípulo amado, à sua Igreja. Tanto que o Evangelho nos dá essa linguagem exposta a partir do “discípulo amado”. E mais, ele novamente usa a linguagem da "mulher". "Mulher, eis aí o teu filho". Eis aí a descendência da mulher, da nova Eva, a Igreja contra a qual a antiga serpente vai lutar em inimizade.

E sendo Maria mãe de Jesus Cristo, este que é "a Cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o Princípio, o primogênito dentre os mortos e por isso tem o primeiro lugar em todas as coisas." (Colossenses 1, 18), se ela é mãe da cabeça, também deve ser mãe do corpo. Por isso também, Maria é mãe da Igreja.

E é contra os filhos dessa mãe, "Enfurecido por causa da Mulher, que o Dragão foi então guerrear contra o resto de seus descendentes".

A descendência da serpente continua, ainda hoje a lutar contra a descendência da mulher. Mulher essa em Apocalipse 12, em que deve estar presente Israel, e na qual também está Maria, mãe do Nosso Senhor Jesus Cristo.