Essa é uma resposta ao vídeo do Thiago Lima, que comenta uma polêmica envolvendo o papa Francisco, ele chegará até a tentar usar as escrituras contra a Igreja, que é o que eu darei mais atenção em desmascarar. Vocês irão perceber que o Thiago Lima apenas tenta se aproveitar dessa polêmica para atacar a Igreja Católica. Na verdade esse método é típico dos canais estilo o dele, ficar aproveitando-se de situações nebulosas para atacar a Igreja por meio de especulações. E aliás isso é o que ele faz em todo o vídeo dele, especulações, sempre tentando criar teses, umas piores que as outras para que a audiência dele possa escolher a mentira que mais convir para si próprios.

É completamente absurdo que alguém possa acreditar que o papa Francisco fica olhando fotos de mulheres semi-nuas no instagram, como se já não fosse algo que claramente não é do seu feitio, me pergunto se realmente passa pela cabeça dele que o papa controle a própria rede social, mas ele dirá “eu não afirmei isso”. Isso é verdade, ele não afirmou. Nem isso, nem qualquer outra coisa, apenas montou teses, aquelas que mais se encaixavam com a figura de “prostituta da babilônia”, o lado bom de ser um especulador, um conspiracionista, é que você só precisa se basear na própria criatividade.

Enfim, depois de utilizar essas especulações pra “manchar” a imagem da Igreja ele pegou um texto bíblico onde ele afirma que São Paulo recrimina as práticas da Igreja Católica, isso é tão risível quanto a interpretação que ele faz pra poder fundamentar essa informação. Eu irei fazer a leitura do trecho que ele interpretou, confrontando o que ele interpretou com a interpretação correta.

 

 

O Espírito diz claramente que, nos últimos tempos, alguns renegarão a fé e se apegarão a embusteiros e a doutrinas diabólicas,

1 Tm 4,1

 Nessa passagem o senhor Tiago Lima já interpretou que “os últimos tempos” significa a atualidade, nossa tempo. Ele afirma que estamos no final dos tempos, da idade do mundo, de onde ele tirou isso? Jamais saberei.

Os “últimos tempos” não significa a nossa atualidade, tampouco os últimos tempos do nosso mundo, e isso o próprio apóstolo Paulo elucida em sua carta aos coríntios: “Estas coisas lhes aconteciam como exemplo e foram escritas como advertência para nós, aos quais chegou o fim dos tempos.(1 Cor 10,11). Então o apóstolo Paulo refere-se a si próprio como um daqueles que participam do fim dos tempos, logo, aquele tempo já era o “fim dos tempos”.



             deixando-se iludir por pessoas falsas e mentirosas, com a consciência marcada por ferro em brasa.

Proíbem o matrimônio e o uso de certos alimentos que, no entanto, foram criados por Deus para serem tomados com ação de graças pelos fiéis e por aqueles que chegaram ao conhecimento da verdade.

1 Tm 4, 2-3

Aqui ele faz uma “pergunta retórica”, quem é que proíbe o matrimônio? A quem será que São Paulo está se referindo? Dando a entender que se trata da Igreja Católica. Essa afirmação é um pouco estranha, já que a Igreja Católica NÃO proíbe o casamento.

Mas ele tenta aplicar isso ao celibato sacerdotal, como se São Paulo recriminasse essa prática da Igreja Católica por meio dessa carta, mas será que São Paulo de fato recriminaria a Igreja por essa prática? Acho que o próprio São Paulo pode responder isso, vamos consultar novamente a carta aos coríntios:

Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações. O homem não-casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor.

O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher.

E, assim, está dividido. Do mesmo modo, a mulher não-casada, a virgem, preocupa-se com as coisas do Senhor e procura ser santa de corpo e espírito. Mas a que é casada preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar ao seu marido.

Digo isto para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor e à dedicação integral ao Senhor, sem outras preocupações.

1 Cor 7, 32-35

 A Igreja oferece a mesma instrução, para que os nossos sacerdotes possam ser livres de outras preocupações e possam dedicar-se integralmente ao Senhor a Igreja pede que eles sigam o celibato sacerdotal. Que está em perfeita concórdia com o pensamento de São Paulo, como demostramos.

Depois ele tenta encaixar a segunda parte (a que se refere à abstinência de alguns alimentos) à religião católica dizendo que isso pode ser observado em algumas religiões protestantes, e depois tenta ligá-las a religião católica afirmando que são um ramo separado do catolicismo.

Bem, apesar dessa acusação beirar o ridículo eu gostaria de afunda-la ainda mais com um versículo de São João:

Eles saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, pois se fossem realmente dos nossos, teriam permanecido conosco. Mas precisava ficar claro que eles todos não são dos nossos.

1 Jo 2,19

Bem, então a quem realmente São Paulo se refere nessa passagem de Timóteo? É fácil saber, e ficará ainda mais claro nos versículos posteriores, São Paulo se refere aos gnósticos, uma seita criada ainda antes de Cristo. O gnosticismo é uma concepção religiosa complexa, mas ela evidencia-se por criar uma dualidade entre um deus bom e um deus mal. A realidade material seria fruto da criação desse deus mau, a quem eles chamam de demiurgo, em contrapartida a realidade espiritual, que vem do deus maior, o deu bom. Nossa alma, portanto, seria uma partícula divina desse deus bom que está aprisionada na realidade matéria criada pelo deus mal, e que só poderia ser libertada pela “gnose”, que é sabedoria em grego. Um dos modos de rivalizar-se ao deus mau seria abdicando das coisas materiais, como a reprodução, o casamento e a alimentação. E para provar que de fato eles tinham esses hábitos vamos recorrer a maior obra de combate aos gnosticismo, “contra as heresias – Irineu de lião”:

O Salvador, afirmam eles, não é gerado, não tem corpo nem figura e só aparentemente foi visto como homem. O Deus dos judeus era um dos Anjos, e porque o Pai quis destruir todos os Arcontes o Cristo veio para destruir o Deus dos judeus e salvar os que acreditassem nele: e somente estes têm a fagulha de vida. Com efeito, e ele foi o primeiro a dizê-lo, foram feitas duas espécies de homens pelos Anjos, os bons e os maus. Visto que os demônios ajudavam os maus, o Salvador veio para derrotar os demônios e os homens maus e salvar os bons. Casar e procriar é diabólico e muitos dos seus discípulos se abstêm de comer carne e com aparente abstinência enganam a muitos.

Como Santo Irineu de Lião descreve, eles abominavam o casamento e muitos deles se abstinham de comer carne.



Pois toda criatura de Deus é boa, e não se deve rejeitar coisa alguma que se usa com ação de graças.

1 Tm 4,4

 Evidencia claríssima de que se tratava de uma repreensão ao gnosticismo, por isso São Paulo evidencia falando “toda criatura de Deus é boa”, tese que era objetada pelos gnósticos, que acreditavam que a criação era fruto de um demiurgo mau.

 


Com efeito, essas coisas são santificadas pela palavra de Deus e pela oração. 
Ensinando isto aos irmãos, serás um bom ministro de Jesus Cristo, nutrido com as palavras da fé e da boa doutrina, que tens seguido fielmente. 
Rejeita, porém, as fábulas mundanas e estórias de gente caduca. E exercita-te para a piedade.

1 Tm 4, 5-7

Aqui está mais uma comprovação de que se trata de uma recriminação ao gnosticismo, quem lê sobre a doutrina gnóstica sabe que uma das maiores características dessa concepção são as fábulas, que para eles são sabedorias que eles obtiveram praticando o esoterismo, obtendo-as por meio da gnose.

Por isso Santo Irineu fala, em sua obra, a seguinte coisa:

“Esta é, portanto, a teoria deles, que nem os profetas pregaram, nem o Senhor ensinou, nem os apóstolos transmitiram e pela qual se gloriam de ter conhecimentos melhores e mais abundantes do que os outros. Lêem coisas que não foram escritas... Transferem, transformam e fazendo de uma coisa outra seduzem a muitos com as palavras do Senhor atribuídas indevidamente a fantasias inventadas... Assim, costurando fábulas de velhinhas e tomando daqui e dali palavras, sentenças e parábolas, procuram adaptar as palavras de Deus às suas fábulas.”

E para que não fiquemos apenas com o julgamento de Santo Irineu vamos ver uma pequena parte dessas fábula:

Há dos que dizem também que ele gerou um Cristo, filho seu, mas psíquico, e que falou disso pelos profetas. É ele que passou por Maria como a água passa por tubo, é ele sobre o qual desceu, no batismo, em forma de pomba, o Salvador que está no Pleroma, proveniente de todos os Éões, é nele que foi depositada a semente pneumática de Acamot. Portanto, nosso Senhor seria composto, ao que dizem, por quatro elementos, conservando o tipo da Tétrada primigênia e primordial: o pneumático, proveniente de Acamot; o psíquico, do Demiurgo; o econômico, organizado com arte inefável; e o Salvador, que era a pomba que desceu sobre ele. Ele permaneceu sempre impassível e, portanto, quando o Cristo foi entregue a Pilatos, lhe foi tirado o Espírito, depositado nele. Assim, da mesma for-ma, não sofreu a semente derivada da Mãe, dizem eles, por ser ela também impassível e por ser pneumática e in-visível até para o próprio Demiurgo.


 

O exercício corporal é de pouca utilidade, ao passo que a piedade é útil para tudo, pois tem a promessa da vida presente e da futura.

1 Tm 4,8

O Thiago Lima se aproveita dessa parte para negar necessidade física dos sacramentos, pervertendo completamente o sentido da passagem. São Paulo não fala que os atos físicos tem pouca utilidade e o que valem são os atos espirituais, mas que o exercício corporal tinha pouca utilidade, e que eles deveriam exercitar-se espiritualmente, por meio da piedade, e que isso sim era útil.

Semelhante conselho ele dá em Coríntios, onde o apóstolo fala:

 Acaso não sabeis que, no estádio, todos correm, mas um só ganha o prêmio? Correi de tal maneira que conquisteis o prêmio.

Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível!

Por isso, eu corro, mas não sem meta. Eu luto, não como quem golpeia o ar.

Trato duramente o meu corpo e o subjugo, para não acontecer que, depois de ter proclamado a mensagem aos outros, eu mesmo seja reprovado.

1 Cor 9, 24-27

 Daí entendemos o que São Paulo falou, que mais vale esse espiritual do que o corporal.


Acredito que assim ficou bem claro o que o Tiago Lima fez, perverteu completamente o significado da carta. Condenou o que não deveria ser condenado, e assim não condenou o que deveria ser condenado. O texto não fala da Igreja Católica e tampouco pode recrimina qualquer atitude da Igreja, coisa que jamais as escrituras farão; pois, tanto a Igreja como as escrituras, procedem do mesmo autor.