Bom, para os estudantes que não possuem  particularidade com o tema, o  termo universal deriva da expressão (unum in diversis) caracteriza-se, portanto, naquilo que unifica uma diversidade, ou seja, as propriedades comuns de uma multiplicidade de indivíduos ou entes. Desse modo,  as circunstâncias ocasionaram  atenção dos filósofos medievais a se prenderem em uma simples frase do pequeno livro de Porfírio, na qual levantava-se a questão da realidade ou da objetividade das idéias universais. 

Tal questão foi então de tal forma discutida que pode-se asseverar, que, em torno dela dividiram-se as grandes tendências especulativas da época. Daí nasceu o costume escolar de tratar sucessivamente dos universais, dos predicáveis e dos predicamentos (categorias). O famoso texto de Porfírio-Boécio que originou “ a querela dos universais” como chamada é assim redigida;

"No que concerne aos gêneros e às espécies: será que subsistem neles mesmos ou não estariam eles contidos a não ser nas puras concepções intelectuais?  São eles substâncias corporais ou incorporais? Finalmente, são eles separados das coisas sensíveis ou estão implicados nelas, encontrando aí sua consistência?  Recuso-me a responder." 

As questões levantadas por Porfírio e que ele se recusa, aliás, a resolver, têm ligação,  com a realidade e com a objetividade das ideias universais.

Observar-se que as  ideias de gênero e de espécie (os universais) subsistem em si próprias, quer dizer na realidade, ou' não teriam existência a não ser na intelecto? É propriamente um problema de metafísica, e trás  à lógica um caráter secundário mas,  senão na medida em que ajuda a melhor perceber a natureza do universal.

Na tradição platônica os universais são as Ideias, o ser no mais alto grau, isto é  as essências transcendentes das quais participam as realidades concretas. Pelo contrário, na  tradição aristotélica, o universal em seu claro conceito, se obtém da mente por abstrato.  O problema medieval consistia em estabelecer qual seja o estatuto ontologico dos universais; se são as ideias transcendentes ou pensamentos de Deus, ou se são apenas conceitos mentais, e ate mesmo apenas palavras insignificantes, ou se existe uma solução que mediadora  as várias posições. 

Dessa maneira, vemos no realismo extremo de Escoto Eriugena,  e, em parte, de Anselmo de Aosta, que afirmou ser os universais entes existem em si, como Ideias platônicas, ou seja, (ante rem), antes das coisas.  Assim como as ideias arquetípicas são o  modelo da realidade, ela também se deriva do conhecimento extraídas dela o que leva a  indiretamente o conhecimento da realidade. 

Trata-se da posição platônica levada ao pé da letra. Os universais seriam entes reais, subsistentes em si, causas sui e ideias eternas e transcendentes que tem  função de arquétipo e paradigma em relação aos indivíduos concretos.

Já o nominalismo, a posição  assumida sobretudo por Roscelino e Ockham, segundo o qual o universal seria puro nome que designa uma multiplicidade de indivíduos. Dessa forma e em certo sentido o conhecimento  só pode ter resultados céticos, porque não existe nenhuma ligação  substancial entre as palavras/conceitos e os objetos fenômenicos.  Trata-se de uma posição  ceticizante ou como nos descreveu o também filósofo Mário Ferreira dos Santos é uma espécie de Cepticismo Fenômenico, que rejeita completamente toda forma de platonismo. Desse modo, o universal seria simples nome que indica uma multiplicidade de indivíduos e só. Não possuindo dessa forma, um status ontologico, mas também um status Lógico fundativo da palavra em sua quididade. 

 Os universais ou conceitos universais não possuem nenhum valor, nem semântico nem predicativo, nem ao menos podendo se referir a nenhuma res, dado que todas as coisas existentes são  singulares ou separadas (discretas), e nada existe além da individualidade  (nihil est praeter indiuiduum). Entendido aqui a uma  teoria que, negando qualquer valor aos universais, revela-se inexorávelmente e fundamentalmente  cética, pois  anula alguns instrumentos do conhecimento humano, o qual se torna simples atividade analítica de fatos concretos e individuais, incapaz de ascender a níveis de caráter geral. 

Dessa maneira remontamos  a definição segundo a qual os universais seriam para os Nominalistas meros flatus vocis ou simples emissões de vocábulos, sem que os termos universais remetam a algo de objetivo.

Desse modo, é  o nominalismo caracterizado pelo fato de que a razão  tão envolvida nas imaginações, corpóreas  chega ponto de não poder mais se libertar, tornando-se incapaz de se elevar acima das realidades singulares e materiais, impotente  de distinguir o intelecto universal da razão dos dados particulares subjetivos ou cognoscíveis aos sentidos.

Nesse Ínterim, para  Abelardo; o universal, embora não sendo um arquétipo ideal, caracteriza-se como conceito significativo obtido por abstração dos objetos ( in re) na realidade.

Para ele os universais conforma-se com a razão e  a que não atribui a universalidade nem a res nem as voces, sustentando que singulares ou universais são os sermones,  esses tais  sermones é que são universais, já que desde a origem, isto e, desde a instituição dos homens, receberam a propriedade  de serem predicados de muitos. Entretanto é a  unidade pelo intelecto , a razão humana tem o poder de distinguir e separar os diversos elementos que subsistem unidos na realidade. Em análise e comparação dos diversos seres singulares no processo cognoscitivo-abstrativo, a razão se condiciona a captar entre os indivíduos da mesma espécie um aspecto peculiar que eles compartilham. 

Essa similitude ou status communis, captado pelo intelecto, se baseiam os conceitos universais, que, diferentemente dos conceitos singulares, não nos dá  a forma própria e determinada dos indivíduos-objetos, mas somente o fenômeno em imagem  de uma pluralidade de indivíduos. Precisa-se aqui que o status communis não denota realidade substancial ou quididade comum. Porém,  indica um modo de ser,  condição de natureza comum aos indivíduos da mesma espécie. Por exemplo, o homem como essência não existe, mas o (ser-um-homem) ou ser a forma homem predicada de vários sujeitos homem, é  condição real e concreta, que é  comum a todos os homens concretos. 

Contudo , é  claro que a posição  de Abelardo admite que o universal tem como fundamento o status communis, sendo  o modo de ser dos indivíduos da mesma espécie, por outro lado  nega que tal objeto se denote a uma realidade substancial in re subsistente por si e aqui para não ter confusão, são (as realidades  subsistentes por si são  os individuos) mas aqui como puros Fenômenos Sensíveis ( in re). 

Por outro lado, Abelardo inclina-se a admitir que existem ideias substanciais das coisas, mas apenas na mente de Deus como Arquétipos ou modelos (ante rem, em sentido platônico); mas, como tais, nos não as conhecemos.  Para sermos mais exatos, portanto, devemos dizer que Abelardo, a medida que afirma que o universal para nos existe sobretudo  post rem, isto é , que é  um conceito mental abstraídos  da realidade individual, é  um "conceitualista", embora com certo traço de realismo moderado. 

Por outro lado, o realismo moderado será sobretudo o de Santo Tomas, que sustentou  que o universal existe; tanto ante rem na mente da Coisa em si, como Arquétipo, como queriam os platonistas , mas , por uma ótica criacionista;  como in re, isto é, nos objetos, como forma que estrutura ontologicamente os indivíduos como queria Aristotélicos. 

Os universais nesse caso tem tríplice valência:  se considerados como transcendentes e anteriores as coisas na mente de Deus correspondem as ideias  platônicas; se considerados como imanentes e presentes nos objetos, ou nos corpos singulares, entes extra mentais, e correspondem as formas Aristótelicas. Além disso, se considerados como abstratos e posteriores as coisas (na mente humana) correspondem aos conceitos Iogicos. Em uma Axiológia Teista ou criacionista e  como também post rem, como conceito mental (como pensava Aristoteles).

Voltando a corrente Nominalista, vemos que o  primado do individuo leva ao primado da experiência, na qual se baseia o conhecimento. A esse respeito, é  necessário distinguir entre conhecimento não complexo, relativo aos termos singulares e aos objetos que eles designam, e conhecimento complexo, relativo as proposições resultantes, compostas de termos. A evidência de uma proposição deriva da evidencia dos termos que a compõem. Não  havendo esta, não  pode haver aquela. Dai a importância do conhecimento nao-complexo, que pode ser intuitivo e abstrativo. Vamos por partes: 

O conhecimento intuitivo refere-se a existência de um ente concreto e por isso move-se na esfera da contingencia, porque atesta a existência ou não  de uma realidade. A importância do conhecimento intuitivo consiste no fato de que é  o conhecimento fundamental, sem o qual os outros tipos de conhecimento não seriam possíveis. Com o conhecimento intuitivo segundo Ockham chegamos a saber se um ente existe ou não existe, e assim o intelecto julga de modo imediato sobre a realidade ou irrealidade de qualquer coisa. 

O conhecimento intuitivo perfeito se tem quando o objeto, por exemplo, da ciência, é uma realidade presente; nesse caso ele é ao contrario, imperfeito, quando se refere a qualquer realidade do passado. O conhecimento intuitivo pode ser tanto sensível ( conhecer tal objeto) como intelectual, enquanto o intelecto conhece também seus próprios atos e os movimentos da alma, como o amor, a dor ou o prazer.

Já o  conhecimento abstrativo deriva do conhecimento intuitivo e pode ser entendido de dois modos: de um lado, quando se refere a algo abstraído de muitos singulares; por outro lado, enquanto faz abstraidos da existência e não-existência das coisas contingentes. 

Em consequência disso, o objeto de ambos os conhecimentos é idêntico, mas apreendido  aspectos diversos: o intuitivo intui a existência ou a inexistência de uma realidade, ao passo que o abstrativo-cognoscivel  prescinde desses dados. Os dois conhecimentos são  intrinsecamente  distintos pois cada qual tem o seu próprio ser; o primeiro diz respeito a juízos de existência, o segundo não; um  esta ligado a existência ou não  de uma coisa (por exemplo, está maçã no prato), o segundo prescinde disso; o primeiro é  causado pelo objeto presente, o segundo o pressupõe, além de ser e é  posterior sua apreensão; o primeiro  trata de verdades contingentes, o segundo de verdades necessárias e universais. 

Porém, é preciso lembrar que Ockham afirmou que o universal não é real. A realidade do universal, é contraditória,  devendo ser total e radicalmente excluída. A realidade é essencialmente individual e particular.  Os universais são nomes, não uma realidade, nem algo com fundamento na realidade. Dessa maneira, a realidade, portanto, é  essencialmente singular enquanto fenômeno sensível. Por isso se esvai o problema do principio de individuação, que tanto preocupara a mente dos clássicos, pois se se considera infundada a passagem da natureza especifica e sua qudidade universal ao individuo singular. Além disso,  cai por terra também a questão  da abstração como tematização da essência especifica. 

Os universais não são res existentes fora do sujeito cognoscente, nas coisas ou entes das coisas.  são simplesmente formas verbais por meio das quais a mente humana estabelece uma serie de relações de exclusiva dimensão lógica. É pois, o sinônimo do conhecimento extraído de muitos objetos individuais.

 Cada realidade singular provoca um conhecimento também  singular, a repetição de muitos atos de conhecimento relativos a coisas semelhantes  entre si gera no intelecto conceitos que não significam uma coisa singular, mas uma multiplicidade de coisas semelhantes entre si.

 Como sinais em abreviação  de coisas em univocidade tais conceitos são chamados universais, não representando, portanto, nada mais que a relação do intelecto a presença de realidades semelhantes. Dessa maneira, na enunciação ou proposição, (o nome Sócrates se refere a determinada pessoa) o nome (homem) é  mais genérico e abstrato, porque se refere a todos os indivíduos que podem ser indicados pela forma geral e abreviatoria típica daquele conceito, que por isso é denominado de universal. 

Óbvio que as premissas de Ockham excluem  um sistema de leis universais, mais ainda, um estrutura hierárquica  e sistemática do universo. Em Ockham, é  suficiente um tipo de conhecimento provável, pois, baseando-se em repetidos processos de Intuibilidade, permite prever que o que aconteceu no passado tem alto grau de possibilidade de acontecer também  no futuro. Dessa forma, abandona-se, portanto, as premissas  aristotélica e tomistas nas demonstrações ontico-ontologicas, ele teoriza certo grau de probabilidade derivada da pesquisa e, ao mesmo tempo, a estimula em um universo de coisas singulares e múltiplas, não  correlatas por nexos imutáveis e necessários. 

De volta a Santo Tomás,  os universais exprimem bem a verdadeira natureza das coisas, porem, seu estado de universalidade não lhe é conferido senão pelo espírito; sob este aspecto êles não existem senão no pensamento. A noção comum formada do sujeito o "homem" se encontra nos homens reais, Sócrates, Aristóteles etc; os quais participam da mesma quididade  humana mas, esta noção não se reveste de seu estado de universalidade senão no espírito que a concebe como atribuição indiferentemente a todos os sujeitos de Espécie homens. 

O universal representa as naturezas, mas vistas em um estado de subjetividade:  A inteligência extrai dos singulares que estão na origem de nosso conhecimento a natureza que é comum a todos. Da observação das diversas espécies animais, tira-se a noção de "natureza animal". Esta noção considerada ao têrmo desta práxis abstrativa do espírito, é o que se chama o universal metafísico. 

É pois um universal em estado incompleto, porque a natureza considerada, mesmo guardando ainda uma ordem central relativamente aos sujeitos dos quais ela foi extraída, é então apreendida como isolada, como natureza pura. 

Dessa forma, por  uma espécie de comparação analógica, o espírito volta então aos sujeitos dos quais a natureza universal foi extraída e reconhece que essa natureza universal convém a êsses sujeitos e pode, portanto, lhes ser atribuída. Tem-se, o verdadeiro universal, o universal lógico, o conceito considerado em suas relações com seus inferiores. Enquanto o universal metafísico corresponde às primeiras intenções do intelecto e das sensações, o universal lógico é da ordem das segundas intenções. 

Por outro lado, vemos que na estrutura propositiva do Ente lógico, temos a propriedade dos praedicabilitas, ou a aptidão essencial para ser predicado. Todo universal, implica-se em sua própria natureza uma relação com seus inferiores, por esta razão, lhes ser sempre atribuído. O universal ( animal) que foi tirado dos diversos tipos de animais e que tem relação com todos os animais possíveis, poderá ser atribuído a qualquer um dentre eles.

Na enunciação ( o cão é animal) vemos a aptidão para ser predicada é a propriedade característica ou, em linguagem aristotélica, a propriedade do universal. Tal aptidão é evidentemente, como todos os entes ou entidades lógicas, da ordem da relação de razão. A atribuição ou praedicatio é o ato pelo qual se efetua o processo de  relacionamento do universal com os seus sujeitos. A  lista tomista dos predicados não coincide exatamente com a de Porfírio, pois compreende apenas quatro predicados: definição, propriedade, gênero e acidente.

Tomás distinguiu cinco espécies de predicáveis: gênero, espécie, próprio e acidente. Tantos predicáveis quantas as maneiras de se relacionar ao sujeito. Por isso, um predicado pode representar, seja a essência do sujeito, seja alguma coisa que lhe é acrescentada ou atribuída. Caso o predicado significa a quididade  ou ele a significa inteira e tem-se a espécie, species;  ( homem ) ou ele significa a parte a determinar dessa essência, e tem-se o gênero, genus: ( animal), ou ele significa a parte que determina a precedente, e tem-se a diferença específica, differentia: ( racional)

Caso o predicado signifique alguma coisa que é acrescentada à essência, ou se trata de alguma coisa que lhe pertence necessariamente, e tem-se o próprio, proprium: (a propriedade de sorrir) para o homem, ou se trata de algum atributo que não lhe sobrevém senão acidentalmente, e tem-se o acidente predicável, accidens;  "a qualidade de brasileiro”.

Já no que tange o gênero defini-se como um universal relativo a inferiores especificamente diferentes uns dos outros, e que lhes pode ser atribuído exprimindo sua essência de maneira incompleta: A primeira parte desta definição indica a própria natureza do gênero. 

é um universal cujos inferiores são espécies; a segunda parte acentua a propriedade do gênero, aptidão a exprimir a própria essência, (quid do sujeito).  Por exemplo, a proposição;  (animal)  exprime a essência do homem mas de maneira incompleta; quando se diz: (o homem é um animal)  exprime-se o que ele é, mas incompletamente. 

A espécie se distingue do gênero pelo fato de que ela exprime completamente o que são seus inferiores. Pois a enunciação; (pedro é um homem)  extrai completamente sua essência. A diferença específica é um universal que pode ser atribuído a seus inferiores por modo de qualificação essencial. Observar-se-á que a diferença específica, bem como o gênero e a espécie, exprime o quid do sujeito, mas sob um modo especial. A diferença determina o gênero e o qualifica. Vemos portanto, que a precisão qualis ajuntada ao gênero de atribuição também qualifica-se como um quid; como na proposição:  (O homem é racional).

Os Acidentes ou accidentaliter caracteriza-se pelo fato de  que se trata de um elemento que não é da própria essência do sujeito; necessário, mas, distingue a relação entre o próprio substâncial e o acidente, pois o acidente não qualifica necessariamente o sujeito.

O próprio neste sentido se liga à diferença específica.  Considerando-se que uma espécie última se obtém determinando progressivamente os gêneros mais elevados por diferenças sucessivas, pode-se  dizer que uma mesma espécie tem muitas propriedades, porém,  só a que se liga à sua última diferença será verdadeiramente seu próprio que é inerente ou intrínseco ao seu ser.  Nesse caso, o próprio sendo para Tomás , portanto, uma modal bem determinada, característica de cada essência. Observe-se que, aquilo que se chama comumente de "propriedades" de uma coisa, de um ente, pode-se ligar ao próprio e mesmo o exprimir, ainda que se trate de apenas um fenômeno de cunho exterior. 

O acidente predicável é um universal que pode ser atribuído a uma multidão, de maneira qualitativa, acidental e contingente:  nesta condição, marca a diferença do próprio e do acidente: o acidente não está necessariamente ligado à essência, aquilo que se acrescenta ou se separa sem que haja corrupção do sujeito; como  Dormir, ser branco ou negro, gordo ou magro, são dessa forma acidentais com relação à espécie humana, ao indivíduo. 

Outro fator interessante abordado pelo doutor angélico foi os universais analógicos; referentes na ontologia aos têrmos unívocos, equívocos, análogos. Observamos que uma espécie não é mais ou menos ou de modo diferente "animal" do que outra, o sujeito  homem não é mais animal do que o cavalo. A razão significada pelo mesmo nome é idêntica univocamente em todos os sujeitos. 

De outro modo, nos casos onde o nome é comum, enquanto que as diversas coisas que predicam o sujeitos  significam ou são totalmente dissemelhantes: 

animal,  é tanto um homem real quanto um homem em um desenho, estas duas coisas, com efeito, não têm em comum senão o nome, enquanto que a noção designada pelo nome é diferente. Em paralelo, um exemplo usado por Tomás é correlacionado ao têrmo (gallus) que designa ao mesmo tempo o gaulês e o galo. Tais têrmos são homônimos, e estão em Equivocidade ou dessemelhança. 

Nesse ínterim, a análise mais acurada mostra que a alguns termos são correspondentes, nos inferiores aos quais eles são atribuídos, sejam nas  naturezas ou razões que são sob alguns aspectos as mesmas, ou sob outros aspectos diferentes. O  termo "bom", predicado tanto a um homem, a um problema, a uma fruta, significa em cada coisa uma certa bondade mas que não é em cada caso, de mesmo gênero. a bondade do homem não é unívoca a de um problema, diz-se que se trata de um termo análogo. Dessa maneira, deve-se saber que qualquer coisa pode ser atribuída a diversos sujeitos de várias maneiras; por isso segundo um conteúdo idêntico  e diz-se então que ele lhes é atribuído univocamente o animal, por exemplo, predica-se ao boi ou ao cavalo. 

Ora segundo conteúdos diferentes e diz-se nestes casos que lhes são atribuídos equivocamente  o termo cão, por exemplo, atribuído tanto ao astro ou ao animal>> cachorro, ora se delimitam segundo conteúdos que são em parte diversos e em parte não diversos: diversos, pois implicam maneiras de ser diferentes, e uno e semelhantes  na medida em que essas maneiras de ser se relacionem a algo de uno e de idêntico; tal atribuição é feita analògicamente,  de maneira proporcional, porquanto cada atributo é relacionado àquela coisa una e idêntica, porém, segundo sua maneira própria de ser. 

Com efeito , no que tange à substância,  essa ordenação não apresenta senão as linhas do predicamento da mesma, que pela série das diferenças, material, animada, sensível, racional, chega a uma única das espécies de substâncias concretas, o homem. 

Aquino passa à definição e à subdivisão de cinco noções um pouco sem nexo, nas quais pode-se, contudo, reconhecer a propriedade comum de pertencerem a todos os predicamentos ou a alguns. São algumas como a oposição, a prioridade, a simultaneidade, o movimento, o ter; mas aqui foco em algumas delas; 

O movimento ou, motus, que se encontra nas categorias de substância, de quantidade, de qualidade, lugar, refere-se ao estudo no âmbito da física.  A prioridade, prioritas, e a simultaneidade, simultaneitas, são noções correlativas, a prioridade, à qual se opõe diretamente a posterioridade, faz  delimitação ao modo segundo o qual uma coisa precede uma outra. Aquino  distingue algumas espécies de prioridade,  podendo ser reduzidas a duas principais; a prioridade segundo o tempo, que é a prioridade por exemplo; (a anterioridade do pai com relação ao filho), e a prioridade segundo a natureza ( relação da alma com às suas potências). A simultaneidade é a negação da prioridade e da posterioridade. 

Já o  ter, exprime uma maneira de um ser relacionar-se com um outro. O modo de conveniência entre duas coisas que faz dizer que é uma possuída pela outra; tudo o que se acha expresso pelo verbo ter nos seus mais variados usos: ter febre, ter trinta anos etc.

Tomás  distingue cinco modos de ter. A primeira operação do espírito tem como objeto a essência das coisas, quidditas, que se  abstrai dos dados sensíveis e que percebe em seguida como (universal) relacionando-a com os sujeitos aos quais ela pode ser atribuída. Dessa forma  no conjunto da vida do espírito, essa operação representa um papel dual. Por sua vez, ela é o ato pelo qual o espírito percebe a essência das coisas, assimila essa quididade, sendo cada  essência lhe aparece manifesta em si própria e distinta das demais essências.  

Portanto, uma atividade original de simples apreensão que tem valor por si própria. Mas essa atividade ainda não dá um conhecimento final das coisas, a quididade que ela atinge diretamente, ainda abstrai da existência, ou da realidade concreta, dos entes ex-tramentais, é pois necessário, que uma segunda operação do espírito intervenha, tomando dessa vez como objeto esse aspecto de existência; um ipsum esse. A essa segunda atividade do espírito, a simples apreensão ou intuição sensível representa o papel de operação preliminar. Ela constitui os termos que serão associados ou dissociados pelos julgamentos de nossa inteligibilidade,  antes de tudo os predicados, pois a propriedade do universal é precisamente sua aptidão a ser predicado, dessa forma e subsidiariamente os sujeitos, já que os têrmos universais, comparados aos que lhes são superiores, podem ter a função de sujeitos, nem todos.

Mesmo assim não se deve esquecer que a simples apreensão é uma atividade do pensamento que atinge, na ordem da percepção da essência, a um certo resultado absoluto, ao qual nada se tem a acrescentar. 

Em conclusão, observa-se na Atribuição do predicado ao singular, que embora possa predicar-se algo do singular por razões diversas, todavia todos estes diversos modos se referirão à sua própria singularidade porque, ainda que se lhe atribua algo segundo a razão de sua natureza comum, como quando se diz (Sócrates é animal) mesmo esta natureza universal comum, quando considerada no próprio singular, é individuada. 

Portanto, não existem variáveis a natureza da singularidade se algo se predica do singular em razão da natureza universal ou se lhe atribui algo em razão da singularidade. Porém,  por conseguinte, em correlação à quantidade, a três modos de atribuição de um predicado a um sujeito universal e um modo a um sujeito singular. Estes quatro modos da enunciação que denominados à quantidade da mesma são assim definidos; 

1) Universal “Todo homem é mortal”

2) Singular “Sócrates é mortal”

3) Indefinido “O homem é mortal”

4) Particular “Algum homem é mortal”

Por fim, encerro aqui de primeiro momento esse assunto Árduo e deverás complexo, obviamente aqui faço uma análise mais compilada e sucinta, mas que de certa forma trás uma volatilidade hábil ao conteúdo.


Referências: 

Ente e essência; https://b-ok.lat/book/3622255/620f9a


COMENTÁRIO AO DE INTERPRETATIONE DE ARISTÓTELES, Santo Tomás de Aquino; https://www.pdfdrive.com/condensado-do-coment%C3%81rio-de-s-tom%C3%81s-de-aquino-ao-de-interpretatione-de-e138431434.html


H. D. Gardeil  INICIAÇÃO À FILOSOFIA DE S. TOMÁS DE AQUINO; 

Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais; Mário Ferreira dos Santos; 

S. Tomás de Aquino COMENTÁRIO AO DE ANIMA DE ARISTÓTELES; https://www.pdfdrive.com/condensado-do-coment%C3%81rio-ao-de-anima-de-arist%C3%93teles-escrito-por-s%C3%83o-tom%C3%81s-e60281779.html


 Ser e Essência, Étienne Gilson; https://b-ok.lat/book/5662912/35cb7b


S. Tomás de Aquino COMENTÁRIO À METAFÍSICA DE ARISTÓTELES; https://www.pdfdrive.com/metaf%C3%ADsica-e60281767.html


Deus, Cornélio Fabro

Suma Teológica, Santo Tomás de Aquino; https://www.pdfdrive.com/suma-teol%C3%B3gica-e181718650.html